Reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, o líder opositor insistiu que as negociações buscam abrir caminho para "o fim da usurpação" de Maduro (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
AFP
Publicado em 8 de julho de 2019 às 06h50.
A oposição e o governo venezuelano retomarão nesta semana o diálogo promovido pela Noruega, anunciaram neste domingo o chefe parlamentar Juan Guaidó e delegados do presidente Nicolás Maduro, indicando que a nova tentativa acontecerá na ilha caribenha de Barbados.
"Nos dirigimos ao país e a comunidade internacional, a fim de anunciar que em atenção à mediação do Reino da Noruega (...) se assistirá a uma reunião com representantes do regime usurpador em Barbados, para estabelecer uma negociação de saída da ditadura", afirmou Guaidó em comunicado.
Reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, o líder opositor insistiu que as negociações buscam abrir caminho para "o fim da usurpação" de Maduro e um governo de transição que convoque "eleições livres".
Os diálogos em Oslo para resolver a crise política e socioeconômica no país petroleiro foram congelados depois que Guaidó denunciou o "assassinato" - em 29 de junho - do capitão Rafael Acosta Arévalo, preso após ser relacionado a um suposto planp de magnicídio.
"As partes se reunirão nesta semana em Barbados para avançar na busca de uma solução acordada e constitucional para o país. As negociações acontecerão de maneira continua e ágil", informou a Noruega em um texto divulgado neste domingo.
Concordando com as denúncias de complô contra seu governo, Maduro assegurou em 27 de junho que o diálogo com a oposição "vai continuar" e prometeu avançar "em acordos verificáveis" pela "paz da Venezuela".
Durante o tradicional desfile de 5 de julho para celebrar a independência da Venezuela, Maduro afirmou que na próxima semana haverá "boas notícias" em torno das negociações iniciadas em maio na Noruega.
No domingo, durante a cerimônia de formatura de 966 novos oficiais, o presidente venezuelano afirmou que as Forças Armadas, consideradas a principal base de apoio de seu governo", gozam de boa saúde revolucionária" e "lealdade".
"Agora há Forças Armadas para defender a Venezuela, que ninguém se engane", disse Maduro.
Setores da oposição são críticos com o diálogo por considerar que o presidente busca "ganhar tempo".
Entretanto, Guaidó pediu a seus apoiadores para não cederem a "intrigas", garantindo que a principal motivação das negociações é "pôr fim ao sofrimento dos venezuelanos".
O líder opositor argumentou que receberão em Caracas ao representante especial da União Europeia para a Venezuela, Enrique Iglesias, "como parte da ofensiva internacional" contra Maduro.