Ainda mobilizada em meio às contestações sobre o resultado das eleições presidenciais na Venezuela, a oposição liderada por María Corina Machado e Edmundo González continua pressionando por uma nova contagem de votos e divulgação das atas de votação de todas as seções eleitorais do país.
María Corina e González anunciaram no fim da noite de ontem um site reunindo as informações de todas as atas que tiveram acesso — pouco mais de 73% — que dizem apresentar uma vitória incontestável do candidato opositor.
"Temos 73,20% das atas. Se este resultado se mantiver, nosso presidente eleito é Edmundo González Urrutia. Com as atas que nos faltam, ainda que o CNE pusesse 100% dos votos restantes para Maduro, não o alcançaria", disse María Corina, em uma entrevista coletiva em Caracas, em fala registrada pelo jornal venezuelano Efecto Cocuyo.
Ainda de acordo com a publicação venezuelana, María Corina apresentou as informações sobre as atas recebidas até o momento. Os dados em posse da oposição indicam que Edmundo González teria recebido 6.275.130 votos, enquanto o atual presidente, Nicolás Maduro, declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral na segunda-feira, teria recebido 2.759.256 votos.
A contagem da oposição é muito distinta da apresentada pelo CNE, que na madrugada de segunda-feira, com 80% das urnas apuradas, indicou que havia uma "tendência irreversível" a favor de Maduro, declarando o presidente vencedor com 51,2% dos votos válidos (cerca de 5,1 milhão de votos nominais), ante 4,4 milhões dos votos para González (44,2%). O órgão eleitoral se comprometeu a publicar as informações detalhadas — o que ainda não aconteceu —, mas proclamou Maduro vencedor
antes de qualquer pedido de recontagem ou auditoria.
Em meio à disputa de narrativas, a oposição lançou um site disponibilizando os dados das atas eleitorais as que teve acesso. Os documentos foram colocados nas últimas horas da segunda-feira, e apresentados em um comunicado conjunto de María Corina e González.
"Venezuelanos, através deste link vocês podem ver como com seu voto e sua vontade mudaram a história da Venezuela. Aqui você encontrará as atas que processamos e totalizamos até agora e que confirmam nossa extraordinária vitória", afirmaram em publicações sincronizadas nas redes sociais.
Para acessar os dados, o site pede que o usuário indique uma cédula eleitoral. Porém, muitos eleitores relataram dificuldades em acessar o sistema, que apresentou inconsistências nas primeiras horas no ar. Em uma publicação nas redes sociais, María Corina afirmou que as questões estavam sendo solucionadas.
"São milhões de cidadãos na Venezuela e no mundo que querem ver que seu voto conta... As equipes técnicas prontamente restabelecerão o acesso", escreveu.
-
1/20
Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira
(Pessoas batem em panelas em manifestação após a eleição de Maduro, em Caracas, na segunda-feira)
-
2/20
Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira
(Um homem cobre o rosto com gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas, na segunda-feira)
-
3/20
Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes montaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
-
4/20
Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.
(Um manifestante chuta uma faixa de campanha do presidente venezuelano Nicolás Maduro durante um protesto em Valência, no estado de Carabobo.)
-
5/20
Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais removem destroços durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
6/20
Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante devolve à polícia uma lata de gás lacrimogêneo durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
7/20
Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes incendiaram uma barricada durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
8/20
Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira
(Opositor ao governo pisa num cartaz de campanha eleitoral com a imagem de Maduro durante um protesto no bairro Petare, em Caracas, na segunda-feira)
-
9/20
Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes entram em confronto com a polícia perto de um carro blindado da polícia durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
10/20
Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial carrega um colega ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
-
11/20
Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
-
12/20
Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Opositor do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
-
13/20
Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.
(Os opositores do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro protestam no bairro Catia, em Caracas.)
-
14/20
Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.
(Um oponente do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro bate uma panela durante um protesto no bairro Catia, em Caracas.)
-
15/20
Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Um manifestante bate uma panela na cabeça durante um protesto contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
16/20
Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Um policial cai no chão ferido durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas..)
-
17/20
Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.
(Manifestantes participam de um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Valência, no estado de Carabobo.)
-
18/20
Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.
(Manifestantes queimam um cartaz publicitário durante um protesto contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro em Caracas.)
-
19/20
Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.
(Oponentes do governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro entram em confronto com a polícia de choque durante um protesto no bairro de Catia, em Caracas.)
-
20/20
Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.
(Policiais protegem-se dos manifestantes durante um protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro em Caracas.)
O sistema de votação na Venezuela conta com um duplo registro de voto, por via digital e impressa, que são simultaneamente computados em cada seção eleitoral. Ao fechamento de cada seção, o procedimento regular é que se gere uma ata a partir do resultado obtido em cada contagem, sendo ainda possível auditar manualmente cada cédula em caso de dúvida.
Oficialmente, a oposição afirma que tinha apoiadores atuando como testemunhas do processo em grande parte das seções eleitorais do país, mas que apenas 40% das atas foram disponibilizadas logo após o fim da votação.
A oposição convocou protestos populares ao fim da jornada eleitoral, enquanto o oficialismo, por meio do Ministério Público, prometeu processar criminalmente qualquer tentativa de por em dúvida o resultado da votação — apesar dos apelos da comunidade internacional por mais transparência.
Um novo protesto foi convocado pela oposição para esta terça-feira, com as presenças de González e María Corina em Caracas. Os primeiros protestos, realizados na segunda-feira, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, com ao menos duas mortes confirmadas e dezenas de detidos.