Nicolas Maduro: o CNE deverá constatar em um prazo de cinco dias o número, e depois convocar os signatários a ratificar o apoio em outros cinco dias contínuos (Carlos Garcia Rawlins / Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de maio de 2016 às 08h42.
A oposição venezuelana apresentará nesta terça-feira as assinaturas para ativar um referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta um crescente descontentamento popular devido ao agravamento da crise econômica.
A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que tem maioria no Parlamento, afirma que conseguiu reunir 2,5 milhões de assinaturas em todo o país, quase 13 vezes mais que as 195.721 (1% do padrão eleitoral) exigidas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), para então solicitar o início do processo.
"Nos deram 30 dias - a partir de terça-feira 26 de abril - para recolher as assinaturas. Nós o fizemos em tempo recorde", afirmou no domingo o porta-voz da oposição, Jesús Torrealba.
Ele afirmou que as assinaturas serão apresentadas na terça-feira ao CNE, acusado pela oposição de aliado do governo.
O CNE deverá constatar em um prazo de cinco dias o número, e depois convocar os signatários a ratificar o apoio em outros cinco dias contínuos. Apenas depois da validação, o Conselho autorizaria a coleta de quatro milhões (20% do padrão) para convocar o referendo.
"Também vamos fazer em tempo recorde, porque o país quer sair deste governo", afirmou Torrealba, secretário executivo da MUD.
Mas um novo foco de conflito deve ser registrado. Tania D'amelio, diretora do CNE, afirmou no Twitter que para começar a verificação das assinaturas "é necessário cumprir o período de 30 dias fixado para a coleta de 1%" do padrão, ou seja, a partir de 26 de maio.
A oposição, que acredita na convocação do referendo no fim do ano, afirma que a verificação deve começar assim que as assinaturas forem apresentadas, critério compartilhado por outro diretor do CNE, Luis Emilio Rondón. A divergência deve ser esclarecida em breve.
No poder desde 2013, após a morte de seu mentor Hugo Chávez, Maduro anunciou que formou uma comissão para revisar as assinaturas.
"O referendo é uma opção, não uma obrigação. Aqui, a única coisa que é obrigação são as eleições presidenciais e serão em 2018, dezembro de 2018. É a única obrigação que temos", disse Maduro a milhares de simpatizantes por ocasião do Dia do Trabalhador.
Mas diante da hipótese de ter que deixar o poder por via constitucional, ou derrubado por um golpe de Estado, Maduro convocou seus partidários a se declararem em "rebelião" - mas de forma "pacífica", frisou.
"Se, algum dia, a oligarquia fizer algo contra mim e conseguirem tomar este palácio, por uma via, ou por outra, eu ordeno a vocês que se declarem em rebelião e decretem uma greve geral indefinida, até obter a vitória frente à oligarquia. Uma rebelião popular com a Constituição na mão", completou.
Para revogar Maduro, o "Sim" deve obter mais dos que os 7,5 milhões de votos que ele recebeu após a morte de Chávez em 2013 para completar o período de seis anos. A oposição afirma ter certeza de alcançar o número necessário.
Uma pesquisa recente da empresa Venebarómetro indicou que 68% dos venezuelanos desejam a saída de Maduro e novas eleições, enquanto 84% consideram negativa a situação do país.
A Venezuela enfrenta uma forte recessão desde 2013. No ano passado a contração foi de 5,7% e a inflação chegou a 180,9%, a maior do mundo.
O país também enfrenta a escassez de alimentos, remédios e outros produtos básicos, assim como cortes de energia elétrica programados pelo governo em consequência da seca.