Retroescavadeira opera em mina de carvão da Vale na mina de Moatize, em Moçambique: ferrovia é usada pela mineradora brasileira para o transporte até portos no litoral, para exportação (Gianluigi Guercia/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2013 às 11h21.
Maputo - O partido de oposição Renamo, uma ex-organização de guerrilha, ameaçou nesta quarta-feira paralisar a única ferrovia de acesso às minas de carvão no noroeste de Moçambique.
O chefe de comunicação do Renamo, Jerônimo Malagueta, disse em entrevista coletiva em Maputo que o bloqueio da linha Sena, de Tete ao porto de Beira, no oceano Índico, vai durar "o quanto durar".
"A partir de quinta-feira, 20 de junho, vamos agir para fragilizar a logística do país", disse ele, sem fornecer detalhes.
Ele não esclareceu os objetivos do grupo, mas a ameaça representa uma escalada nas tensões com o governo do Frelimo, um ex-partido marxista que governa o país do sul da África desde o fim da guerra civil de 1975-1992.
Fernando Mavanga, principal porta-voz do Renamo, que acredita-se ter cerca de 1.000 homens armados, disse que os planos são "segredos militares". Ele justificou a ação contra o corredor de carvão devido à importância econômica do mineral para o Frelimo.
As relações entre o Frelimo e o Renamo deterioraram-se este ano em meio a acusações de que o Frelimo possui poder inabalável sobre a política e a economia.
Sete soldados morreram na segunda-feira quando homens armados invadiram um depósito de armas perto de um terminal da linha Sena. O Renamo negou qualquer envolvimento.
Muitos moçambicanos temem que a tensão e a violência possam afetar um crescimento econômico recente com base nos investimentos estrangeiros no setor de mineração.
A ferrovia é usada pela mineradora brasileira Vale para o transporte de carvão até portos no litoral, para exportação.