Venezuela: "Todos queremos o revogatório já. Ninguém hesitou na defesa do referendo, nem na realização de eventos nas ruas" (John Moore / Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2016 às 14h09.
A oposição venezuelana espera que as autoridades eleitorais divulguem nesta terça-feira um mapa do caminho para o referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro e, com este objetivo, organizará um novo protesto diante da sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
A passeata começará durante a manhã em Bello Monte, zona leste de Caracas. O aguardado encontro entre dirigentes da Mesa da Unidade Democrática (MUD) e do CNE pode acontecer às 15H00 locais (16H00 de Brasília), mas não está confirmado oficialmente.
"Todos queremos o revogatório já. Ninguém hesitou na defesa do referendo, nem na realização de eventos nas ruas para promover a pressão cidadã sobre um Poder Eleitoral que anda montado em uma bicicleta para que não aconteça este ano", afirmou o presidente do Parlamento, que tem maioria opositora, Henry Ramos Allup.
A oposição aguarda que o CNE informe a data de início da validação do mínimo de 200.000 assinaturas - das 1,8 milhão apresentadas em 2 de maio - exigidas como passo inicial para ativar o revogatório contra Maduro.
Segundo Vicente Bello, representante da MUD ante o poder eleitoral, a oposição soube extraoficialmente por parte do CNE que esta validação de assinaturas será realizada "de 16 a 20 de junho", cumprindo com o período de cinco dias previsto na norma de referendos.
Bello, entrevistado nesta terça-feira no programa de rádio Éxitos FM, afirmou que "com toda certeza" o referendo revogatório pode ser feito este ano.
"Em nossos cálculos o revogatório estaria sendo realizado no fim de setembro (ou) início de outubro deste ano", afirmou o representante eleitoral da MUD.
Centenas de opositores se concentraram na segunda-feira em uma praça da zona leste de Caracas para exigir do CNE, acusado de atuar a favor do governo, que informasse se a primeira exigência foi cumprida.
A MUD tem pressa para que o CNE autorize o início da ratificação das assinaturas com impressão digital, completando assim a fase de ativação da consulta, que depois exigirá a apresentação de quatro milhões de assinaturas para a convocação do referendo.
Em sua luta contra o tempo, a oposição pressiona para realizar o referendo antes de janeiro de 2017 - quando o mandato presidencial completará quatro anos -, porque se Maduro for derrotado antes, novas eleições serão convocadas. Se a consulta acontecer no próximo ano, em caso de derrota o chefe de Estado seria substituído pelo vice-presidente.
"Este ano não haverá referendo", declarou na segunda-feira o vice-presidente Aristóbulo Istúriz, antes de afirmar que o revogatório não é o objetivo da oposição, e sim "a violência", em uma referência aos protestos convocados pela MUD.
As duas passeatas em direção ao CNE organizadas pela MUD no último mês não conseguiram chegar à sede do poder eleitoral, depois que foram bloqueadas e dissolvidas com gás lacrimogêneo por policiais e militares, mas sem incidentes graves.