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Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2013 às 12h34.
Damasco - Onze crianças foram mortas nesta segunda-feira em meio à violência que assola a Síria, no momento em que mais de 50 países exigem que o Conselho de Segurança da ONU acione o Tribunal Penal Internacional (TPI) pelos crimes cometidos durante os 22 meses de conflito no país.
Mas o presidente Bashar al-Assad, contestado há quase dois anos por uma revolta que se transformou em uma guerra civil, não considera qualquer transição que não seja totalmente controlada pelo próprio regime.
Enquanto o conflito entra em seu 23º mês, com um registro de mais de 60.000 mortes, os meios de comunicação sírios lideram o ataque contra o emissário internacional Lakhdar Brahimi, um "turista idoso" que, segundo eles, deve deixar os sírios "tranquilos" se não tem solução a oferecer.
As autoridades lançaram uma campanha para denegrir a imagem do diplomata argelino de 79 anos, depois de sua crítica contra o plano para acabar com crise proposto por Assad em 6 de janeiro e que rejeita sua saída do poder.
Decidido a esmagar a rebelião, chamada de "terrorista" por parte do regime, o Exército realiza novos ataques e operações nesta segunda, especialmente nas proximidades de Damasco, onde se concentram os combates.
Oito crianças, com idade entre nove meses a 14 anos, e cinco mulheres foram mortas em bombardeios de aviação em Mouadamiyat al-Sham, sudoeste da cidade de Damasco, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma ampla rede de ativistas e médicos em toda a Síria.
Em um vídeo postado na internet por ativistas é possível ver as fachadas dos edifícios completamente destruídas, enterrando corpos ensanguentados e cobertos por poeira.
Mas a imprensa oficial acusa os rebeldes pelo disparo de foguetes contra casas em Mouadamiyat al-Sham.
Duas outras crianças da mesma família, com idade entre 6 e 7 anos, foram mortas em um bombardeio em uma cidade militar perto de Damasco e outra criança morreu em alepo (norte), de acordo com o OSDH.
O OSDH registrou um balanço de mais de 3.500 crianças mortas desde o início em 15 de março de 2011 de uma contestação popular que se militarizou contra a repressão por parte do regime. Domingo, 16 crianças morreram, de acordo com a ONG.
Contra a escalada da violência, a Suíça enviou nesta segunda-feira ao Conselho de Segurança uma petição assinada por 52 países, incluindo países europeus, exigindo o encaminhamento para o TPI. A Síria não aderiu à criação do TPI, o que requer a intervenção do Conselho de Segurança para que o tribunal interfira.
Depois de acusar a Força Aérea de utilizar bombas de fragmentação, a organização Human Rights Watch indicou que as tropas terrestres também usaram essas armas proibidas pelas convenções internacionais, que Damasco não ratificou.
Para as mulheres, mais um perigo: o estupro se tornou a principal razão de exílio, segundo a organização Internacional Rescue Commitee.
"Muitas mulheres e meninas relataram ataques contra elas, em geral por homens armados. Esses estupros, por vezes coletivos, ocorrem geralmente sob os olhares de membros da família", relatou a ONG.
As vítimas que sobrevivem a esses ataques, raramente falam sobre os crimes em razão "das normas sociais e desonra que representa o estupro pelas (vítimas) e sua família", segundo ela.
O conflito provocou a fuga de milhares de sírios. Mais de 600.000 foram registrados pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur). A Liga Árabe enviará uma missão no Iraque, Jordânia e no Líbano para avaliar as necessidades deste país antes da realização da cúpula de doadores no final de janeiro no Kuwait.
Em um outro país fronteiriço, a Turquia, um morteiro disparado da Síria explodiu sem fazer vítimas, segundo as televisões locais.