Campanha contra Aids: parte do sucesso obtido se deve ao volume de recursos destinados para o combate à Aids (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2013 às 09h44.
Genebra - Pela primeira vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) anuncia que o ritmo de registro de casos de Aids no mundo teve uma queda. Em um desempenho considerado histórico, o número de novas infecções de pessoas com o HIV caiu 33% em pouco mais de uma década, entre 2001 e 2012, e o de mortes foi reduzido em 30%. Os novos casos de crianças infectadas também caíram 52%.
Os dados fazem parte de um informe divulgado hoje e no qual a UnAids - agência da ONU de combate à doença - apresenta novas projeções sobre a epidemia. Apesar dos resultados inéditos, a entidade alerta que o mundo precisa fazer mais.
Em 2001, 3,4 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e, em 2012, a taxa caiu para 2,3 milhões. Em ao menos 26 países, a queda foi superior a 50%. No total, o número de pessoas infectadas, porém, continua subindo porque a sobrevida aumentou com o acesso ao tratamento. Em 2001, 30 milhões de pessoas no mundo viviam com o HIV - em 2012, eram 35,2 milhões. Desde o início da epidemia, 75 milhões de pessoas já foram infectadas.
Funcionários da ONU não escondem que os números são surpreendentes - há apenas alguns anos, poucos imaginariam que a redução seria possível. A mudança aconteceu em grande parte graças à decisão da entidade de adotar o modelo brasileiro de garantir acesso ao coquetel antirretroviral como uma estratégia mundial. O tratamento ajudou também a barrar a contaminação.
Em 2005, 1,3 milhão de pessoas tinham acesso a remédios no mundo. No fim do ano passado, o número chegou a 9,7 milhões. Mas, apesar dos ganhos históricos em expandir os serviços de tratamento, o esforço para garantir um acesso universal enfrenta desafios consideráveis, alerta a UnAids.
A mortalidade caiu de forma importante. Em 2001, 1,9 milhão de pessoas morreram em decorrência da Aids e, em 2012, foram 1,6 milhão. Desde o pico da epidemia, em 2005, o número de mortes caiu 30%.
Um dos dados mais comemorados é o de casos de novas crianças infectadas. Entre 2001 e 2012, a redução foi de mais de 50%, para um total de 250 mil.
Investimento
Parte do sucesso obtido se deve ao volume de recursos destinados para o combate à Aids. Em 2002, existiam US$ 3,8 bilhões para atacar a doença. Hoje, são quase US$ 19 bilhões. Para 2015, a UnAids estima que serão necessários até US$ 24 bilhões.
O Brasil aparece como o País com o maior orçamento nacional para o combate à doença entre as economias emergentes. Houve queda de 30% no número de mortes. Por ano, são mais de US$ 745 milhões - a China, com população seis vezes maior, investe US$ 497 milhões. A UnAids, porém, alerta que o País, mesmo com todo o dinheiro investido, corre o risco de não atingir algumas das metas mundiais de redução até 2015.
No caso do Brasil, a agência mostra que o total da população contaminada não mudou entre 2001 e 2012, com 0,4% dos brasileiros sendo registrados como portador do vírus. Em números absolutos, houve um aumento. Em 2001, estimava-se que entre 430 mil e 520 mil pessoas viviam com Aids no Brasil. Em 2012, o volume subiu para um intervalo entre 540 mil e 660 mil.
Mas, assim como no caso mundial, o aumento no número de pessoas vivendo com o vírus da Aids no Brasil em parte também é resultado de um prolongamento da vida daqueles afetados pela doença. Os números de mortes anuais no Brasil por causa da doença passaram de um máximo de 27 mil, em 2001, para 19 mil em 2012. A queda estimada é de 29,6%.
Se a redução no Brasil segue a tendência mundial, a UnAids deixa claro que o governo precisa fazer novos esforços para conseguir avançar com o tratamento, ainda que o País seja considerado o modelo que inspirou toda a resposta internacional da última década.
Hoje, cerca de 307 mil adultos recebem gratuitamente o tratamento contra a Aids, mas o número de pessoas precisando de assistência pode chegar a 370 mil em 2015. A agência da ONU recomenda que o Brasil concentre seus esforços em garantir um acesso pleno ao tratamento até 2015. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.