Soldado israelense monta guarda próximo da cidade de Hebron, na Cisjordânia (Mussa Qawasma/Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2014 às 16h59.
Genebra - Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) interrogaram autoridades israelenses nesta segunda-feira sobre supostas violações de direitos humanos que iriam desde a demolição de casas de palestinos à limitação do acesso à água.
A delegação de Israel defendeu seu histórico perante o Comitê de Direitos Humanos da ONU, que examinou o respeito aos direitos políticos e civis em Israel, Faixa de Gaza e Cisjordânia. Cada Estado membro da ONU é submetido ao procedimento a cada quatro anos.
Israel diz que as obrigações assumidas em convenções internacionais não se estendem aos dois territórios palestinos, mas o comitê, formado pela ONU e pelo Tribunal Internacional de Justiça, discorda.
O membro do comitê Cornelis Flinterman apontou que a reunião do comitê ocorre pouco depois do mais recente conflito em Gaza, quando forças israelenses mataram cerca de 2 mil palestinos, incluindo 500 crianças, e deslocaram centenas de milhares de pessoas em julho e agosto.
O embaixador israelense, Eviator Manor, disse que o Estado judeu foi forçado a lançar ataques aéreos depois que militantes do Hamas atiraram 300 foguetes e sequestraram três adolescentes israelenses, depois encontrados mortos.
"Demolições Punitivas de Casas"
Yuji Iwasawa, um especialista do Japão, disse que a retomada de uma política de demolição punitiva de casas era uma preocupação.
"Temos relatórios de palestinos e beduínos sendo obrigados a dar consentimento para a demolição em um ambiente coercitivo, como resultado do assédio e violência dos colonizadores judeus", afirmou Iwasawa.
"Temos informação de que palestinos têm sido despejados de suas terras aráveis, com impacto sobre seu meio de vida e acesso a comida", disse ele.
O coronel Noam Neuman, chefe do departamento de legislação internacional do Exército israelense, disse que desde 2013 tem havido um número crescente de ações militantes em Israel e na Cisjordânia.
"A política de Israel de usar a demolição de casa com o propósito de intimidação é implementada somente em circunstâncias excepcionais", disse ele.
O comitê da ONU também questionou o confisco de terras da Cisjordânia pelo Exército israelense e pediu para que os palestinos detidos recebam acesso imediato a um advogado e a uma examinação médica independente antes de serem trazidos diante de um juiz.
"A política de anexação ilegal de terras palestinas na Cisjordânia e a inacessibilidade a recursos naturais constituem uma clara violação", disse Ahmad Amin Fathalla, um especialista egípcio.
O diretor-geral do Ministério da Justiça israelense, Emi Palmor, disse que Israel progrediu em assegurar a observância aos direitos humanos, porém afirmou que "mais precisa ser feito".