A água é um dos setores no qual a ONU quer mais investimentos (Ian Waldie/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 15h28.
Genebra - A transição para uma economia verde sustentável é possível se, até 2050, 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial for investido anualmente em dez setores específicos, segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicado nesta segunda-feira.
O relatório revela que, se a cada ano fosse investido 2% do PIB mundial - US$ 1,3 trilhão -, a economia mundial teria taxas de crescimento parecidas com as atuais ou maiores, "mas sem agravar os riscos, os choques, as penúrias e as crises cada vez mais inerentes à economia suja existente, responsável pelo esgotamento dos recursos e pelo elevado nível de emissões de carbono".
Os dez setores destacados pelo relatório são: agricultura, construção, energia, pesca, meio-ambiente, manufatura, turismo, transporte, água e gestão de recursos.
Segundo o texto, uma economia verde é pertinente não só para as economias mais desenvolvidas, mas também constitui um catalisador essencial de crescimento e de erradicação da pobreza nos países em desenvolvimento, onde cerca de 90% do PIB gerado pelas povoações menos favorecidas depende da natureza.
O relatório critica especialmente os subsídios "que frequentemente perpetuam a utilização não duradoura dos recursos".
Segundo os especialistas que redigiram o relatório, entre 1% e 2% do PIB mundial é investido anualmente em subsídios.
"A maior parte desses subsídios participam da degradação do meio ambiente e da ineficácia da economia mundial. Sua redução ou seu desaparecimento progressivo apresentaria múltiplas vantagens e liberaria recursos para financiar a transição rumo a uma economia verde".
O texto ressalta que, os subsídios à pesca, por exemplo, representam US$ 27 bilhões ao ano, enquanto os investimentos em combustíveis fósseis ultrapassam US$ 650 bilhões.
"Se cerca de 1,25% do PIB mundial anual fosse investido na eficácia energética e nas energias renováveis, diminuiria a demanda mundial de energia primária em 9% em 2020 e em cerca de 40 % em 2050", acrescenta.
O relatório acrescenta "que, com o tempo, o número de empregos novos e dignos criados nos setores que vão desde energias renováveis a uma agricultura duradoura compensará a perda daqueles gerados pela economia suja".