Refugiados: de 20% a 30% deixa seus países em busca de "proteção internacional" e pretendem pedir asilo político (David Ramos/Getty Images)
EFE
Publicado em 11 de agosto de 2017 às 11h40.
Berlim - O chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi, propôs nesta sexta-feira à União Europeia (UE) que acolha o dobro de refugiados que o bloco recebe anualmente, passando dos atuais 20 mil para cerca de 40 mil.
Grandi revelou esses números em entrevista coletiva em Berlim ao lado do diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), William Lacy Swing, e da chanceler alemã, Angela Merkel, que considerou essa quota "admissível" para os países da UE.
O chefe da Acnur reiterou a necessidade de oferecer "caminhos alternativos" para as grandes rotas sul-norte dos migrantes econômicos através da África para que possam solicitar "proteção" no Ocidente.
Segundo as estimativas da ONU, entre 20% e 30% das pessoas que deixam seus países não o fazem por razões econômicas, mas sim em busca de "proteção internacional" e pretendem pedir asilo político.
Para Grandi, a ONU deve entrar em contato o mais rápido possível com as pessoas que fogem de seus países por motivos políticos, para que não embarquem nas rotas dos migrantes econômicos e caiam nas mãos das máfias.
"Quanto mais rápido estabelecermos contato com eles, melhor", acrescentou o comissário após apontar que a ONU pretende reforçar sua presença nas rotas migratórias, não apenas na Libia, para "entrar em contato com estas pessoas com necessidade de proteção antes que seja muito tarde".
Merkel, por sua vez, considerou que, para um continente com 500 milhões de pessoas, essa quota anual de 40 mil refugiados é "admissível", embora reconheça que os parceiros europeus têm sérias diferenças quanto à distribuição dos imigrantes.
Após lembrar que os membros da UE continuam sem encontrar um senso comum no sistema de divisão de asilados e na reforma do protocolo de Dublin, a chanceler indicou que a Alemanha e "outros países" estão dispostos a dar um passo à frente.
Desde a crise migratória de 2015, o governo alemão apostou em um sistema de quotas obrigatórias para distribuir entre os países do bloco os requerentes de asilo que chegam à UE pela Itália e pela Grécia, mas países como Polônia e Hungria se negaram a participar deste processo.