Mundo

ONU pede proibição de mangás com teor pedófilo no Japão

A maioria dos desenhistas de mangá e criadores de animes é oposta à ideia de proibir os quadrinhos e animações que exibem algum tipo de sexualização infantil


	Mural com propagandas de animes e mangás no Japão: prostituição infantil foi reduzida, mas o material pedófilo e pornográfico aumentou, principalmente online
 (Getty Images / Chris McGrath)

Mural com propagandas de animes e mangás no Japão: prostituição infantil foi reduzida, mas o material pedófilo e pornográfico aumentou, principalmente online (Getty Images / Chris McGrath)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2015 às 11h23.

Uma representante da ONU pediu nesta segunda-feira no Japão que sejam proibidos mangás (quadrinhos japoneses) e ilustrações de carácter sexual envolvendo menores, conteúdos que não são regulamentados pela lei contra a pedofilia.

Maud de Boer-Buquicchio elogiou as recentes medidas legislativas que, além da distribuição, agora também penalizam a posse de fotos e vídeos de menores, mas lamentou que as autoridades japonesas não tenham chegado a proibir, na legislação vigente desde o ano passado, os desenhos animados com imagens obscenas envolvendo crianças.

Ainda que sejam virtuais, "esses conteúdos pedófilo-pornográficos extremos deveriam ser proibidos", urgiu ante jornalistas em Tóquio De Boer-Buquicchio, relatora especial da ONU para o tráfico de menores e a prostituição e pornografia infantis.

A maioria dos desenhistas de mangá e criadores de animes (desenhos animados japoneses) é oposta à ideia de proibir os quadrinhos e animações que exibem algum tipo de sexualização infantil, com o pretexto de que é difícil definir exatamente o que é ou não pedofilia e pornografia.

A representante da ONU também considerou que na lei japonesa persistem "numerosas lacunas" que permitem atividades comerciais, como a venda de DVD's, álbum de fotos na internet e lojas especializadas em fotos de meninas menores de 12 anos de biquíni ou o aluguel de estudantes para fazer companhia para homens adultos durante algumas horas.

A prostituição infantil foi reduzida, mas o material pedófilo e pornográfico aumentou, principalmente online, indicou a representante.

"Tudo isso supõe, evidentemente, atividades lucrativas. O preocupante é que essa tendência parece ser socialmente aceita e tolerada", destacou.

Sua petição coincide com a de ONGs japonesas. "A atual legislação não é suficiente para proteger as crianças", disse à AFP o responsável de uma organização que luta contra a pornografia infantil, Shihoko Fujiwara.

Para Fujiwara, esses conteúdos gráficos de crianças em trajes de banho supõem "um importante mercado no Japão" e não são considerados pornografia juvenil apesar das poses sugestivas, pois é alegado que as genitais não são mostradas.

Porém, esses materiais, "que claramente são criados com o objetivo de satisfazer a excitação sexual, deveriam ser regulamentados pela lei contra a pornografia infantil".

No ano passado foram registrados no Japão 1.828 casos de pornografia infantil, afetando a um total de 746 crianças, segundo as autoridades.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaJapãoONUPaíses ricosPedofilia

Mais de Mundo

Trump avalia adiar proibição do TikTok por 90 dias após assumir presidência dos EUA

Rússia admite ter atingido alvos em Kiev em retaliação aos ataques de Belgorod

Mídia americana se organiza para o retorno 'vingativo' de Trump

'Vários feridos' em acidente com teleférico em estação de esqui na Espanha