Manifestantes protestam contra o aumento da tarifa do transporte público nesta segunda-feira, 17, em São Paulo: para a ONU, recentes manifestações são as mais importantes no Brasil nos últimos anos (Marcelo Camargo/ABr)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2013 às 08h47.
Genebra - A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta terça-feira às autoridades brasileiras moderação na resposta aos protestos sociais que se multiplicaram no país, ao mesmo tempo em que conclamou os manifestantes a não utilizarem da violência.
Os protestos que começaram na semana passada em São Paulo contra o reajuste das tarifas de transporte público se estenderam ontem, com novas reivindicações, em diversas cidades do país.
Pillay encorajou às partes a estabelecer um diálogo aberto para encontrar soluções para demandas sociais que considerou válidas.
"Com mais protestos planejados, nos preocupa que o uso excessivo da força por parte das forças policiais possa se repetir", disse Pillay em uma declaração escrita. A funcionária da ONU afirmou ainda que estas são as manifestações cidadãs mais importantes vistas no Brasil nos últimos vinte anos.
Pillay relatou que seu gabinete recebeu "informes sobre feridos e detenções, incluindo a de jornalistas que cobriam os eventos".
As denúncias que chegaram em Genebra também incluem alguns casos de detenções arbitrárias denunciados por organizações da sociedade civil, indicou a máxima responsável de direitos humanos das Nações Unidas.
Pillay parabenizou a presidente Dilma Rousseff por seus comentários reconhecendo a legitimidade das manifestações, assim como o acordo em São Paulo para que a polícia não utilizasse balas de borracha e gás lacrimogêneo.
"Pedimos ao governo do Brasil que tome todas as medidas para garantir o direito de reunião e evitar o uso desproporcional da força nos protestos", disse a alta comissária.
A ONU também espera que se investiguem de maneira rápida e independente os eventuais abusos cometidos pelas forças da ordem.