Trump: o decreto sancionado pelo presidente estipula que continuarão sendo realizadas as ações penais contra quem cruzar a fronteira de forma irregular, mas que pais e filhos serão mantidos detidos juntos, à espera da análise de caso (Leah Milllis/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de junho de 2018 às 13h48.
Última atualização em 22 de junho de 2018 às 14h33.
A ONU pediu aos Estados Unidos, nesta sexta-feira, 22, que reforme sua política migratória, alegando que nem a separação dos filhos de imigrantes, nem sua detenção, são opções viáveis.
"Nós nos opomos à separação dos filhos de suas famílias com fins de controle migratório, mas também nos opomos às detenções", afirmou o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Christophe Boulierac, em conversa com a imprensa em Genebra.
Em uma reviravolta, o presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, decidiu pôr fim, na quarta-feira, às separações de famílias de imigrantes que entraram de forma irregular nos Estados Unidos. A medida provocou indignação mundial e um profundo mal-estar em seu próprio partido.
O decreto sancionado pelo presidente estipula que continuarão sendo realizadas as ações penais contra quem cruzar a fronteira de forma irregular, mas que pais e filhos serão mantidos detidos juntos, à espera da análise de caso a caso.
"Dissemos, várias vezes, que as crianças nunca deveriam ser detidas por motivos ligados a seus status migratório, ou ao de seus pais. Que um menor seja detido nunca vai no sentido de seu interesse superior", declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
Também "pedimos aos Estados Unidos que reformem sua política migratória e solicitamos a implantação de alternativas comunitárias e que não privem as crianças e as famílias da liberdade", acrescentou.
Segundo o Alto Comissariado, "essas alternativas devem respeitar plenamente os direitos humanos dos imigrantes".
Sobre a decisão americana de colocar os imigrantes em bases militares, a porta-voz ressaltou que "essas pessoas não deveriam ser consideradas criminosas" e insistiu na necessidade de se "explorar alternativas para a detenção".