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ONU pede ao Egito suspensão das 75 "injustas" penas de morte

Tribunal egípcio condenou à morte acusados de participar de manifestação em 2013, que terminou com a morte de centenas de manifestantes

Michelle Bachelet: Alta comissária para os Direitos Humanos da ONU disse estar "extremamente preocupada" (Fabrice Coffrini/Reuters)

Michelle Bachelet: Alta comissária para os Direitos Humanos da ONU disse estar "extremamente preocupada" (Fabrice Coffrini/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de setembro de 2018 às 11h52.

A ONU denunciou, neste domingo (9), a confirmação em apelação por parte da Justiça egípcia da condenação à morte de 75 pessoas, entre elas chefes islamistas, e pediu que se reveja um veredicto "injusto".

"Espero que a Corte de Apelação egípcia reveja seu veredicto de maneira que os princípios internacionais de justiça sejam respeitados", declarou a alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em um comunicado.

Bachelet disse estar "extremamente preocupada" com a decisão emitida pela Corte do Cairo.

"O fato de que tenha ignorado claramente os direitos básicos dos acusados levanta sérias dúvidas sobre a culpabilidade de todos os condenados", advertiu.

A Corte confirmou, no sábado, a sentença de morte de 75 pessoas, entre elas dirigentes da Irmandade Muçulmana, em um dos maiores julgamentos coletivos desde as revoltas de 2011.

Ao todo, 739 pessoas foram julgadas, a maioria delas acusadas de matar policiais, ou de vandalismo, durante os confrontos em agosto de 2013, no Cairo, entre as forças de segurança e os partidários do derrocado presidente islamista Mohamed Mursi.

"As 739 pessoas foram julgadas em massa, e não se lhes permitiu representação legal individual perante a Corte", acrescentou Bachelet no comunicado.

"Além disso, os acusados não tiveram direito a apresentar provas em sua defesa, e a acusação não apresentou provas suficientes sobre sua culpabilidade individual", insistiu.

Bachelet advertiu ainda que, "se forem aplicadas, as 75 sentenças de morte confirmadas ontem [sábado] representarão um grave e irreversível erro da Justiça".

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