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ONU investiga denúncia de troca de comida por sexo em Moçambique

Sobreviventes do ciclone Idai estariam sendo forçadas a fazer sexo com líderes comunitários em troca de comida

Moçambique: o ciclone Idai deixou mais de mil mortos e centenas de desabrigados (Luke Dray/Getty Images)

Moçambique: o ciclone Idai deixou mais de mil mortos e centenas de desabrigados (Luke Dray/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 26 de abril de 2019 às 13h15.

Nairóbi — A Organização das Nações Unidas (ONU) informou nesta sexta-feira que investigará alegações de que sobreviventes de um ciclone mortal em Moçambique estão sendo forçadas a fazer sexo com líderes comunitários em troca de comida.

Mais de mil pessoas morreram, e milhares tiveram que fugir de casa quando o ciclone Idai se abateu sobre Moçambique antes de seguir terra adentro para o Maláui e o Zimbábue, um dos piores desastres climáticos a atingir o hemisfério sul.

O anúncio da ONU veio um dia depois de a Human Rights Watch (HRW) publicar relatos de mulheres sobreviventes que disseram ter sido abusadas por líderes locais, e no momento em que uma segunda tempestade intensa, o ciclone Kenneth, golpeava a nação do sudeste africano.

"Como sobre qualquer relato de exploração ou abuso sexual, estamos agindo rapidamente para acompanhar estas alegações, inclusive com as autoridades relevantes", disse a Agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha, na sigla em inglês) em um comunicado.

"A ONU tem uma política de tolerância zero com exploração ou abuso sexual. Não é, e nunca será, aceitável que qualquer pessoa em uma posição de poder abuse dos mais vulneráveis, ainda menos em sua hora de maior necessidade."

Autoridades da agência de gerenciamento de desastres de Moçambique não estavam disponíveis de imediato para comentar.

A Unocha disse que transmitiu a mensagem clara, por diversos canais de comunicação, de que a ajuda é gratuita e que exploração e abuso sexuais são inaceitáveis.

A agência informou ter treinado centenas de agentes humanitários e voluntários sobre a prevenção de exploração e abuso sexuais, acrescentando que existem "orientações claras e estabelecidas para o encaminhamento de qualquer caso em potencial de exploração ou abuso sexual".

A HRW disse ter conversado com 12 mulheres de Nhamatanda, distrito do centro de Moçambique, que foram exploradas sexualmente, e também tem relatos de agentes humanitários e moradores de outras partes do país assoladas pelo Idai, incluindo a cidade portuária de Beira.

Os líderes comunitários --que se acredita terem ligação com o partido governista Frelimo-- exigiram dinheiro dos sobreviventes para incluir seus nomes em listas de distribuição de ajuda, e outros coagiram mulheres a fazer sexo por um saco de arroz, disse o grupo de direitos humanos.

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