Os cientistas atribuíram o aumento dos gases à queima de combustível fóssil, ao desmatamento e a mudanças no uso da terra (Antonio Milena/VEJA)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2011 às 17h11.
Genebra - Os níveis na atmosfera de gases de efeito estufa, que causam o aquecimento global, chegaram a um novo recorde em 2010, e a taxa de crescimento se acelerou, informou nesta segunda-feira a agência meteorológica da ONU.
Os níveis de dióxido de carbono - um gás de efeito estufa e principal culpado das mudanças climáticas - subiram para 2,3 partes por milhão entre 2009 e 2010, maiores que a média da última década de 2,0 partes por milhão, segundo um novo relatório da Organização Meteorológica Mundial.
"A carga atmosférica de gases de efeito estufa devido às atividades humanas atingiu níveis nunca antes registrados desde a era pré-industrial", afirmou o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud.
Gases de efeito estufa bloqueiam os raios solares dentro da atmosfera da Terra, fazendo com que ela aqueça.
Os cientistas atribuíram o aumento do dióxido de carbono, que contribui em cerca de 64% para o aquecimento global, à queima de combustível fóssil, ao desmatamento e a mudanças no uso da terra.
O metano, produzido pela criação de gado e por aterros sanitários, é o segundo gás de efeito estufa mais importante depois do dióxido de carbono, e é seguido pelo óxido nitroso.
O boletim anual de Gases de Efeito Estufa da OMM afirma que os níveis de metano subiram após um período de relativa estabilização, de 1999 a 2006, possivelmente devido ao degelo do permafrost do norte e ao aumento das emissões de zonas úmidas tropicais.
O óxido nitroso, emitido para a atmosfera a partir de fontes naturais e criado pelo homem, incluindo a queima de biomassa e o uso de fertilizantes, foi de 323,2 partes por bilhão em 2010 - 20% maior do que na era pré-industrial, definida como o período anterior a 1750.
"Seu impacto sobre o clima, ao longo de um período de 100 anos, é 298 vezes maior do que as emissões equivalentes de dióxido de carbono", indicou o relatório.
"Ele também desempenha um papel importante na destruição da camada de ozônio estratosférica que nos protege dos nocivos raios ultravioleta do sol".
"Mesmo se conseguíssemos parar nossas emissões de gases de efeito estufa hoje - e isso está longe de ser o caso - elas continuariam a permanecer na atmosfera por décadas, e assim continuariam afetando o delicado equilíbrio do nosso planeta e do nosso clima", disse Jarraud.
"Agora, mais do que nunca, precisamos entender as complexas e, às vezes inesperadas, interações entre gases de efeito estufa na atmosfera, na biosfera da Terra e nos oceanos".
O sétimo boletim de Gases de Efeito Estufa foi divulgado antes de uma nova rodada de negociações da ONU sobre o clima na África do Sul, na próxima segunda-feira, um teste para resolver o que os cientistas alertam ser uma bomba-relógio com um tempo cada vez mais curto.
Analistas afirmam que o processo da ONU ainda está traumatizado pelo colapso da Cúpula de Copenhague em 2009 e, em Durban, enfrentará um impasse sobre o Protocolo de Kyoto, o único acordo com configurações legais sobre os gases de efeito estufa.