Mundo

ONU eleva para 890 o número de mortos por violência étnica na RD do Congo

Em um mês de conflitos, estimativa das Nações Unidas é de que 16 mil pessoas buscaram asilo do outro lado do rio no país

Enfrentamentos étnicos começaram em 16 de dezembro na República Democrática do Congo (Thomas Mukoya/Reuters)

Enfrentamentos étnicos começaram em 16 de dezembro na República Democrática do Congo (Thomas Mukoya/Reuters)

E

EFE

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 17h58.

Nairóbi - O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) disse nesta quarta-feira que a violência que explodiu em dezembro entre membros de etnias rivais em Yumbi, no oeste da República Democrática do Congo, deixou pelo menos 890 mortos em poucos dias.

"Segundo fontes críveis, pelo menos 890 pessoas foram assassinadas entre 16 e 18 de dezembro em quatro comunidades de Yumbi, na província de Mai-Ndombe", explicou a instituição em comunicado, no qual indicou que o número de mortos poderia ser ainda maior.

O governo local cifrou em menos de 50 o número de mortos depois dos enfrentamentos entre as etnias Batende e Banunu nesse território da margem do rio Congo.

Os enfrentamentos começaram em 16 de dezembro nessa cidade, após a morte em Kinshasa de um chefe tradicional da etnia Banunu, cujo corpo, devolvido a Yumbi, foi enterrado junto ao túmulo de seu pai.

Os membros da etnia Batende protestaram com o argumento de que o líder Banunu não deveria ser sepultado em suas terras, o que deu início a uma disputa na noite de 15 de dezembro, segundo explicou à Agência Efe na época por telefone o governador da província de Mai-Ndombe, Gentiny Ngobila.

No dia 16, em uma nova escalda de violência, morreram mais pessoas, entre elas o administrador do território de Yumbi e uma dúzia de crianças afogadas no rio Congo.

Agora, o órgão da ONU liderado pela ex-presidente chilena Michelle Bachelet menciona relatos, cuja origem não foi citada, que sugerem que houve pelo menos 82 feridos e 465 casas e edifícios incendiados, inclusive escolas primárias.

"A maioria da população das comunidades afetadas teve que deixar suas casas, entre elas um número estimado de 16 mil pessoas que buscaram asilo do outro lado do rio, na República do Congo", explicou o Acnudh no comunicado.

"É essencial garantir justiça para as vítimas desses horríveis ataques, mas também prevenir novos ataques de lutas intercomunitárias", afirmou Bachelet.

Por trás deste último foco de violência está um conflito mais profundo entre os dois grupos étnicos, que costuma explodir em época de eleições.

Antes das eleições de 2006 e 2011, também ocorreram enfrentamentos em Yumbi entre a maioria Banunu e a minoria Batende, segundo a emissora local "Radio Okapi".

Nas eleições de 30 de dezembro, a maioria dos membros da comunidade dos Batende estava a favor da aliança governista Frente Comum pelo Congo (FCC), enquanto muitos integrantes dos Banunu apoiavam a coalizão Lamuka, liderada pelo opositor Martin Fayulu.

De fato, a Comissão Eleitoral da República Democrática do Congo decidiu em 26 de dezembro e a apenas quatro dias das eleições gerais, adiar para uma data ainda não estabelecida em março o pleito em Yumbi pela violência, assim como em outras duas localidades do nordeste, Beni e Butembo, afetadas pelo surto de ebola.

Acompanhe tudo sobre:ONU

Mais de Mundo

Agenda do G20 no Brasil entra na reta final; veja o que será debatido entre os líderes globais

Trump nomeia Chris Wright, executivo de petróleo, como secretário do Departamento de Energia

Milei se reunirá com Xi Jinping durante cúpula do G20

Lula encontra Guterres e defende continuidade do G20 Social