Bashar al-Assad: o presidente sírio prometeu livrar-se completamente do estoque até o final de junho, ou pode sofrer sanções, inclusive militares (Joseph Eid/AFP)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 19h16.
A Síria precisa acelerar seu desarmamento químico e alcançar o prazo de 30 de junho para destruir o arsenal, exigiu a o Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira.
Os 15 países membros "convocaram a Síria a apressar o processo para cumprir suas obrigações", informou à imprensa o presidente do Conselho durante este mês, Raimonda Murmokaite, embaixador da Lituânia na ONU.
As armas químicas devem ser transportadas para o porto sírio de Latakia, "de maneira sistemática e suficientemente acelerada", insistiu Murmokaite, depois de explicar como foi a reunião com Sigrid Kaag, responsável por coordenar o desarmamento.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, prometeu livrar-se completamente do estoque até o final de junho, ou pode sofrer sanções, inclusive militares.
Até agora, menos de 5% das armas foram removidas, segundo Washington, enquanto Damasco perdeu mais um prazo importante.
Sem aceitar inteiramente as explicações do regime sírio, o Conselho de Segurança destacou que, segundo informações da ONU, o país "tem material e equipamentos suficientes", assim como "apoio internacional" para transportar as armas químicas.
O embaixador lituano saudou a cooperação entre o governo da Síria e a missão conjunta da ONU e da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), liderada por Kaag.
Os membros do Conselho "continuam esperando o cumprimento do prazo de 30 de junho", Murmokaite concluiu.
Atraso não é "incontornável"
Mais cedo, diplomatas informaram que Kaag havia contado ao Conselho que o atraso no desarmamento não era "incontornável", mas que Damasco precisava acelerar o ritmo para se ajustar às datas.
"Como o Conselho sabe, as etapas intermediárias não foram cumpridas. A Síria está em um ponto crítico", alertou ela, segundo diplomatas presentes.
As potências ocidentais demonstraram preocupação com a lentidão do processo, temendo que Assad esteja ganhando tempo, mas a Rússia – principal aliado da Síria no Conselho – pediu calma.
"Estamos confiantes de que esta operação será concluída em tempo hábil, e as armas químicas serão destruídas”, afirmou o embaixador russo Vitaly Churkin na quarta.
Mas alguns continuam céticos.
"Sentimos que o tempo para desculpas acabou", disse o embaixador inglês Mark Lyall Grant, antes da reunião.
Além das 700 toneladas de agentes químicos que deveriam ter deixado a Síria até 31 de dezembro, nesta quarta-feira deveriam ter saído do território outras 500 toneladas de agentes "categoria 2".
Apenas dois carregamentos de agentes químicos partiram do porto sírio de Latakia, em 7 e 27 de janeiro. Cento e vinte toneladas de isopropanol ainda devem ser enviadas até 1º de março.
O Conselho de Segurança aprovou no ano passado um acordo, apoiado por Estados Unidos e Rússia, para destruir o arsenal químico sírio, depois que ataques biológicos no subúrbio de Damasco foram atribuídos por Washigton ao regime.