Genebra - O Estado de Direito desapareceu ou não existe mais no leste da Ucrânia, onde operam grupos separatistas pró-russos cada vez mais organizados e armados, revelou nesta segunda-feira a ONU, ao apresentar o último relatório de sua missão de direitos humanos no país.
"O Estado de Direito já não existe e foi substituído pela lei da violência", assinala o relatório divulgado pelo Escritório da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
No documento, esses grupos, liderados agora por um comando centralizado e dirigido por cidadãos russos, são acusados de impor à população as consequências de uma "ruptura total da lei e da ordem, além da implementação de um reino do terror".
Neste aspecto, uma das consequências mais graves é o deslocamento forçado de mais de 100 mil pessoas, para as quais o governo ucraniano não previu soluções a médio ou longo prazo.
Entre esses deslocados, 14 mil viviam na península da Crimeia, anexada pela Rússia no último mês de março, após um referendo incomodamente propício a essa opção, e tiveram que deixar seus lares para seguir em direção a outras partes da Ucrânia, principalmente por causa do assédio e da discriminação que sofriam por fazer parte de certas minorias.
"Os representantes de minorias religiosas estão sob pressão para abandonar a Crimeia", e o Bispo da Igreja Ortodoxa da Ucrânia denunciou que tanto os fiéis como as propriedades de sua igreja estão ameaçados.
Segundo o relatório, que corresponde ao período entre 8 de junho e 25 de julho, os intensos confrontos com artilharia pesada dentro e nos arredores das áreas povoadas "devastaram cidades e aldeias" com o assassinado de um crescente número de ocupantes".
Os relatórios de intensos combates em Donetsk e Lugansk são muito alarmantes, com ambas as partes utilizando "artilharia pesada em zonas residenciais, incluídos tanques, foguetes e mísseis", comentou a alta comissária Navi Pillay.
Em relação ao caos imperante tanto em Donetsk como em Lugansk, o relatório sustenta que, em ambos os casos, "os governos locais deixaram de funcionar", fazendo com que os salários, pensões e outros pagamentos de caráter social fossem suspensos em alguns lugares.
Neste aspecto, o chefe da Seção para as Américas, Europa e Ásia Central do alto comissário, Gianni Magazzeni, que apresentou o relatório à imprensa, disse que os grupos rebeldes, "ao invés de ir em direção às discussões e negociações com as autoridades em Kiev, optaram por criar estruturas paralelas de governo".
"Isso inclui uma nova Constituição para a região de Donbass, que abrange Lugansk e Donetsk, e um novo Código de Procedimentos Penal, baseado no aplicado na Rússia, enquanto as instituições, antes existentes, deixaram de funcionar, como a polícia, justiça e outros serviços públicos", explicou Magazzeni.
Magazzeni também lamentou que, embora o governo central tenha trabalhado propostas relativas a um cessar-fogo, reformas constitucionais e medidas de descentralização e de preservação do idioma russo - reivindicações da minoria russoparlante da Ucrânia -, a situação só tenha piorado.
"Em vez de ver melhor a situação e criar algum diálogo político, vemos um aumento de armas pesadas ao alcance de qualquer um no leste do país", sustentou Magazzeni.
Uma das ações dos rebeldes contra civis que mais preocupa o escritório de direitos humanos da ONU está relacionada com os sequestros, com 721 casos documentados, sendo que grande parte das vítimas segue em paradeiro desconhecido.
As motivações destes sequestros são variadas e vão desde a troca com rebeldes detidos pelas forças governamentais até o pagamento de resgates, além do uso dos sequestrados em trabalhos forçados, já que muitos homens retidos costumam trabalhar nas escavações de trincheiras e no preparo de barricadas.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)