Um ano após o devastador conflito que tirou a vida de cerca de 1,5 mil civis, incluídas 551 crianças, as raízes do conflito continuam sem ser resolvidos (Said Khatib/AFP)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2015 às 09h41.
Jerusalém - As causas que originaram o conflito de 2014 entre Israel e milícias palestinas, e que arrasou Gaza, seguem sem ser abordadas, denunciou nesta quarta-feira a agência para os refugiados palestinos (UNRWA), que advertiu sobre os perigos que isto supõe.
"Um ano após o devastador conflito que tirou a vida de cerca de 1,5 mil civis, incluídas 551 crianças, as raízes do conflito continuam sem ser resolvidos", lamentou o comissário geral da UNRWA, Pierre Krähenbühl, em comunicado de imprensa.
Na nota, Krähenbühl destacou que "o desespero, a miséria e a negação da dignidade resultantes da guerra do ano passado e do bloqueio" se transformaram em parte da vida dos residentes do pequeno enclave litorâneo que ficaram fora das estatísticas de mortos no conflito, número que ascendeu a mais de 2,2 mil palestinos, incluídos 1.462 civis e 551 crianças.
"As cicatrizes físicas e psicológicas são vistas por todas partes na Faixa de Gaza. Uma infinidade de crianças vive com traumas sofridos durante a guerra e mais de mil ficaram incapacitadas por toda a vida. Isto deveria recordar que os conflitos são medidos pelo custo humano", disse o comissário.
O mesmo lembrou das dificuldades que afrontam os sobreviventes do conflito, dos quais 120 mil permanecem como deslocados internos no enclave, onde nem uma só das 12 mil casas completamente destruídas foi reconstruída e as altas taxas de desemprego -em torno de 43%- desenham um futuro carente de perspectivas para a juventude de Gaza.
"Esta situação é uma bomba-relógio para a região", avisou.
"É preciso uma ação política em um número de frentes para conseguir a mudança de paradigma necessário na Faixa, começando por um alívio do bloqueio, garantindo a segurança e direitos para todos, permitindo o aumento das exportações desde Gaza para estimular a recuperação da economia e a libertação de movimento dos civis", demandou Krähenbühl.
Embora tenha afirmado que nas últimas semanas foram alcançados alguns progressos no processo de reconstrução graças à entrada e entrega de ajuda, Krähenbühl encorajou a continuar com os esforços para aliviar as carências da população.
"Em um cada vez mais instável Oriente Médio, não atender às necessidades e direitos do povo de Gaza é um risco que o mundo não deveria assumir", exortou.