Secretário-geral da ONU, Antonio Guterres: mandatário encontrará Putin em solo russo. (AFP/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de junho de 2022 às 09h40.
Última atualização em 10 de junho de 2022 às 09h43.
A ONU negocia com Rússia e Ucrânia um acordo que permita liberar as exportações de alimentos e fertilizantes ucranianos retidos pela guerra. O esforço diplomático, anunciado ontem pelo secretário-geral, António Guterres, vem no momento em que Moscou e Kiev culpam um ao outro pela crise.
A Rússia impôs sua superioridade naval no Mar Negro, conquistando boa parte das cidades e portos ucranianos. A reação de Kiev, para impedir o avanço russo, foi minar vias marítimas de acesso aos portos, como em Odessa, ainda sob controle ucraniano.
As ofensivas e contraofensivas interromperam o principal canal de escoamento de commodities ucranianas. “A guerra ameaça desencadear uma onda sem precedentes de fome e miséria, deixando o caos social e econômico em seu rastro”, disse Guterres, que não deu detalhes das discussões.
A movimentação de russos e ucranianos não parece dar brecha a um consenso. Altos funcionários dos dois países têm trocado acusações e culpado uns aos outros pela crise. O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, pediu ontem a exclusão da Rússia da FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura).
“A Rússia está provocando a fome de pelo menos 400 milhões de pessoas, talvez mais de um bilhão de pessoas”, disse Zelenski durante reunião da OCDE por videoconferência.
De acordo com ele, há entre 20 milhões e 25 milhões de toneladas de grãos bloqueadas na Ucrânia, uma quantidade que pode chegar a 75 milhões de toneladas no segundo semestre do ano.
Moscou tenta minimizar o impacto de sua operação militar na Ucrânia no aumento do preço internacional de cereais. Na quarta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediu para a comunidade internacional não “exagerar” a importância da produção ucraniana para o mundo. “É uma porcentagem muito pequena para ter um impacto significativo na crise alimentar mundial, que já começou”, afirmou o ucraniano.
Embora a Rússia diga que outros fatores como a seca estejam prejudicando a produção e o abastecimento ao redor do mundo, várias organizações internacionais, como o Banco Mundial, apontam a guerra na Ucrânia como um fator decisivo.
Juntos, Rússia e Ucrânia respondem por cerca de 30% das exportações mundiais de trigo. Até a invasão, as exportações mensais ucranianas representavam 12% do trigo mundial, 13% do milho e 50% do óleo de girassol.
Apesar dos riscos de desabastecimento, o clima segue tenso. Em viagem à Turquia, na quarta-feira, o chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, afirmou que a guerra “não era a causa da crise alimentar”. O chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, respondeu, apontando que “a verdadeira causa da crise é a invasão russa, não as sanções”.
Enquanto isso, a proposta costurada por Turquia e Rússia para a criação de um corredor seguro no Mar Negro, para permitir as exportações da Ucrânia, segue paralisada. Lavrov exige a retirada das minas ucranianas, o que a Ucrânia até agora rejeita. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
fonte: Estadão Conteudo
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