Fronteira entre EUA e México: em 2010, 15.200 mexicanos morreram violentamente (John Moore/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de janeiro de 2011 às 14h43.
Brasília – A chefe do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, alertou hoje (21) que é preocupante o desaparecimento, há um mês, de 40 imigrantes, na fronteira do México com os Estados Unidos. Segundo ela, o grupo foi ameaçado de morte, torturado e depois desapareceu. Pillay pediu que as autoridades mexicanas investiguem o crime de forma “transparente” considerando todos os relatos recebidos.
As informações são da agência de notícias das Nações Unidas (ONU). Só no ano passado, segundo dados da ONU, houve mais de 15,2 mil mortes violentas no México. A região fronteiriça dos dois países é considerada uma das mais perigosas do mundo em decorrência da ação de grupos que atuam no tráfico de drogas e pessoas.
"As autoridades mexicanas devem verificar a suspeita de envolvimento de funcionários do governo ou da empresa ferroviária estatal com a organização criminosa, acusada de sequestro e extorsão neste e em tantos outros casos”, disse a alta comissária das Nações Unidas.
O desaparecimento ocorreu em 16 de dezembro, quando 250 imigrantes oriundos de vários países da América Central viajavam de trem e foram interceptados por homens armados. Segundo relatos, os imigrantes foram obrigados a pagar uma quantia para continuar a viagem e, em seguida, foram retirados do trem e obrigados a seguir a pé.
Alguns conseguiram escapar das mãos dos criminosos e, dois dias depois, chegaram a um abrigo de imigrantes denominado Irmãos do Caminho e contaram o que viveram. Desde então, o Ministério do Interior do México informou que está investigando o crime.
Em setembro de 2010, as autoridades do México descobriram 72 cadáveres, dos quais quatro de brasileiros, numa região conhecida por abrigar imigrantes que tentam passar do México para os Estados. Os homens, mulheres e até crianças seguiam do México para os Estados Unidos, mas tiveram o caminho interrompido por criminosos que atuam na área.
"Em linha com as suas obrigações internacionais, o governo do México deve fazer todos os esforços possíveis para proteger a vida e a integridade dos migrantes, em particular mulheres e crianças", disse Pillay. “O México deve também tomar as medidas necessárias para assegurar que todos os funcionários do Estado que trabalham com imigrantes respeitem plenamente seus direitos.”