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ONU adverte que guerra contra o ebola será longa

"Nós trabalhamos com medidas excepcionais em seis meses para controlar rapidamente a doença", disse epidemiologista britânico


	Homem tem temperatura aferida por ebola: vírus infectou mais de 2.600 pessoas
 (Afolabi Sotunde/Reuters)

Homem tem temperatura aferida por ebola: vírus infectou mais de 2.600 pessoas (Afolabi Sotunde/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 21h16.

O coordenador da ONU no combate ao vírus ebola, Dr. David Nabarro, alertou nesta segunda-feira que a luta contra a epidemia é uma "guerra que ainda não foi vencida" e que pode levar até seis meses.

Durante uma entrevista coletiva à imprensa em Freetown, capital de Serra Leoa, Nabarro também lamentou a suspensão das rotas de várias companhias aéreas nos países afetados, o que, segundo ele, torna a missão da ONU "muito mais difícil", até "impossível".

"Nós trabalhamos com medidas excepcionais em seis meses para controlar rapidamente a doença", disse o epidemiologista britânico, ressaltando que "a epidemia de ebola avança em muitas áreas do país".

O vírus ebola, uma febre hemorrágica que pode matar em questão de dias, infectou mais de 2.600 pessoas e matou 1.427 (624 na Libéria, 406 na Guiné, 392 em Serra Leoa e 5 na Nigéria), este ano, segundo o último balanço da OMS.

Na Nigéria, o país menos afetado da região, foram confirmados apenas 13 casos, 5 deles fatais.

"A luta para vencer o ebola não é uma batalha, é uma guerra, que exige que todos trabalhem juntos, de forma dura e eficaz. Espero que esta guerra termine em seis meses, mas devemos continuar até que chegue ao fim", declarou o Dr. Nabarro, acrescentando: "Nós ainda não vencemos".

Neste combate, uma nova frente se abriu, com a descoberta de um surto em uma área isolada da República Democrática do Congo (RDC), diferente daquele que assola o oeste africano, segundo autoridades de saúde congolesas e internacionais.

A epidemia que foi declarada no início do ano na Guiné, antes de se propagar para Libéria e Serra Leoa, e posteriormente Nigéria, é a mais grave da história desta febre hemorrágica, identificada em 1976 na RDC.

Na Libéria, país mais atingido, o governo anunciou a morte do médico Abraham Borbor, contaminado pelo vírus e que estava sendo tratado com o soro experimental americano ZMapp.

O Japão propôs nesta segunda-feira para o combate ao ebola o fornecimento de um outro tratamento experimental desenvolvido por uma companhia do país e homologado em março como um antiviral contra a gripe.

Quarentena em 100 km2

Um especialista da OMS em epidemiologia foi contaminado em Serra Leoa, o primeiro entre os quase 400 funcionários da área da saúde mobilizados nos países afetados.

De nacionalidade senegalesa, este especialista deve ser transferido de Freetown para a Europa, segundo o governo do Senegal.

A Europa recebeu no domingo um segundo caso de ebola, depois de um padre espanhol infectado na Libéria, falecido em 12 de agosto. Trata-se de William Pooley, de 29 anos, um enfermeiro voluntário britânico contaminado em Kenema, no leste de Serra Leoa, epicentro da epidemia.

Internado em uma unidade de isolamento no Royal Free Hospital de Londres, ele soube da infecção no sábado e "tem boas chances de recuperação", indicou Robert Garry, um médico americano que trabalhou com ele em Kenema.

O oeste africano já não é mais a única região afetada: o vírus ebola ressurgiu em uma zona remota no noroeste da RDC, o sétimo surto registrado no país, matando 13 pessoas.

A OMS concorda com as autoridades congolesas sobre a natureza isolada desta epidemia, "totalmente independente do surto no oeste africano", escreveu um funcionário da organização em Kinshasa sob condição de anonimato.

As autoridades congolesas lançaram sua resposta nesta segunda. O ministro do Interior, Richard Muyej, enviou a Kinshasa termômetros a laser para ajudar no controle da doença.

O ministro da Saúde congolês, Félix Kabange Numbi, pediu apoio financeiro à comunidade internacional. Segundo ele, o país tem precisa imediatamente de dois milhões de dólares (1,5 milhão de euros) para lutar contra a doença.

O setor, perto da cidade de Boende - cerca de 800 km a nordeste de Kinshasa -, foi colocado em quarentena em uma área de cem quilômetros quadrados.

No total, pelo menos 11 pacientes foram isolados e mais de 80 pessoas que tiveram contato com os pacientes são acompanhados "por uma equipe especializada."

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