Local de atentado no Iêmen: ONU pediu que as partes em conflito permitam a entrada de trabalhadores humanitários (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2014 às 15h11.
Sana - A ONU alertou para uma situação de emergência humanitária iminente na província de maioria xiita de Saada, no noroeste do Iêmen, devido aos confrontos do mês passado entre rebeldes houthis e salafistas que causaram pelo menos uma centena de mortes.
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira em Sana, o coordenador de Assuntos Humanitários da ONU no Iêmen, Ismail Walad Sheikh Ahmed, pediu que as partes em conflito permitam a entrada de trabalhadores humanitários para ajudar os afetados pela violência.
Ahmed, que visitou esta semana Saada, pediu aos combatentes da milícia rebelde xiita - conhecidos como houthis - e a seus rivais salafistas que "cumpram seus deveres de proteger os civis".
O fechamento dos principais caminhos impede a chegada de combustíveis, alimentos e remédios à população dessa província, onde a violência afeta cerca de 29 mil pessoas em Damaj e seus arredores, e outras milhares em Kataf, disse o coordenador.
Ahmed ressaltou que as instituições de assistência humanitária estão preparadas para responder rapidamente à crise, mas que não podem agir até que seja permitido chegar a Saada, uma medida classificada como "iminente e incondicional".
Os enfrentamentos entre os grupos eclodiram no final de outubro na cidade de Damaj, onde os houthis impuseram um cerco com o pretexto de expulsar supostos combatentes estrangeiros salafistas ali estabelecidos.
Mais de 100 salafistas morreram até agora nos confrontos e as baixas dos insurgentes xiitas que controlam a província de Saada dede 2010 ainda são desconhecidas.
Comitês do governo mediaram um acordo de cessar-fogo, que não foi bem sucedido, enquanto milicianos tribais, que apoiam os salafistas, impuseram um rigoroso cerco a Saada para obrigar os houthis a se afastarem de Damaj.
Além deste conflito no norte, o Iêmen está inserido em uma luta contra o terrorismo e no processo de transição política.
O enviado especial da ONU para o Iêmen, Jamal Benomar, ameaçou tomar medidas contra aqueles que tentam interromper o processo de transição, acusando o regime anterior de Ali Abdullah Saleh, que deixou o poder em fevereiro de 2012.
"Uma parte do regime de Saleh tenta colocar obstáculos no trabalho do governo transitório e desestabilizar (o país). Isso ameaça o processo de transição política", disse Benomar em comunicado divulgado após seu discurso ontem à noite perante o Conselho de Segurança da ONU.
A etapa transitória, liderada pelo presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi, determina a elaboração de uma nova Constituição e a realização de eleições parlamentares e presidenciais, previstas para o próximo ano.