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Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2015 às 21h48.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Husein, criticou duramente as políticas migratórias "cínicas" adotadas nesta segunda-feira pela União Europeia, acusando Bruxelas de transformar o Mediterrâneo em um "grande cemitério".
"A Europa dá as costas a alguns dos emigrantes mais vulneráveis do mundo e corre o risco de transformar o Mediterrâneo em um vasto cemitério", declarou Zeid em um comunicado divulgado depois dos últimos naufrágios registrados em frente à costa europeia e que poderiam somar mais de mil mortos.
O balanço oficial do último naufrágio, ocorrido no domingo, é de 24 mortos e 28 resgatados com vida, mas o número de vítimas fatais poderá ser consideravelmente maior. Segundo os sobreviventes, a bordo da embarcação estavam pelo menos 700 pessoas.
Para este encarregado das Nações Unidas, os europeus deveriam reconhecer que precisam de mão de obra pouco qualificada e admitir que os refugiados têm o direito de receber proteção.
Zeid exortou os governos dos países da UE a adotarem "um enfoque mais corajoso e menos cínico", acusando-os de ceder aos movimentos populistas xenófobos em ascensão no bloco.
O funcionário criticou a falta de vias legais implantadas para os emigrantes e demandantes de asilo.
Na tarde de segunda-feira, a União Europeia convocou uma reunião de emergência dos ministros do Interior e das Relações Exteriores europeus, e revelou um plano de ação com 10 medidas para fazer frente às tragédias no Mediterrâneo.
"Estou horrorizado, mas não surpreso com a tragédia", assegurou Zeid.
"Estes mortos e as centenas que os precederam nos últimos meses eram previsíveis", acrescentou, destacando que as mortes eram o resultado de um fracasso da governança e de uma "imensa falta de compaixão".
Também pediu à comunidade internacional que abra uma investigação independente sobre os naufrágios no Mediterrâneo e comprometeu-se a apoiá-la.
O alto funcionário da ONU considerou que a operação europeia de vigilância marítima Triton não se adapta à situação atual, por estar "antes destinada a controlar as fronteiras marítimas que a salvar vidas".
O presidente da Federação Internacional da Cruz Vermelha, Elhadj As Sy, usou termos similares, ao lançar um apelo para "por um fim à indiferença que transforma o Mediterrâneo em um grande cemitério".
As Sy deve ir na terça-feira para Catania, na Sicília, aonde foram levados os sobreviventes do naufrágio do domingo.