Manifestantes contrários ao ex-presidente do Egito Mohamed Mursi protestam perto de partidários de Mursi: segundo dados à disposição da AI, mais de 180 pessoas morreram em confrontos e outros atos de violência desde 30 de junho (Asmaa Waguih/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2013 às 10h52.
Cairo - A organização Anistia Internacional (AI) pediu que as forças da ordem no Egito sejam imparciais e protejam todos os cidadãos, por conta dos protestos convocadas para esta sexta-feira por partidários e opositores do presidente deposto Mohamed Mursi.
Em comunicado, a AI, com sede em Londres, ressaltou que os efetivos governamentais "têm que se esforçar mais para proteger os manifestantes frente aos ataques, e se abster do uso excessivo de força contra manifestações pacíficas".
Segundo os dados à disposição da organização, mais de 180 pessoas morreram em confrontos violentos e em outros atos de violência desde 30 de junho, quando foram organizadas grandes manifestações para pedir a saída de Mursi.
A diretora adjunta da Anistia Internacional para o Oriente Médio e o Norte da África, Hassiba Hadj Sahraoui, destacou na nota que "em várias ocasiões, as forças de segurança não protegeram os manifestantes, transeuntes e moradores de ataques de agressores armados, nem intervieram de maneira efetiva para pôr fim a enfrentamentos violentos entre grupos rivais".
"Se a polícia não agir da forma devida frente aos protestos populares de grupos rivais, haverá mais derramamento de sangue e os abusos contra os direitos humanos serão ainda maiores", ressaltou Sahraoui.
Anteontem, o chefe do Exército pediu que os cidadãos se manifestassem nesta sexta-feira em apoio às forças armadas e à polícia em uma "provável luta contra a violência e o terrorismo", uma convocação que foi respaldada pelo grupo "Tamarrud", que organizou os protestos contra Mursi no último dia 30.
Por outro lado, os simpatizantes de Mursi têm a intenção de realizar hoje vários protestos para expressar seu apoio ao líder deposto.
Para a AI, a convocação de Sisi trouxe o temor de que as forças da ordem estejam se preparando para fazer o uso da força contra as manifestações dos partidários de Mursi.
O grupo lembrou que em 8 de julho um total 51 manifestantes favoráveis a Mursi morreram nas imediações do Clube da Guarda Republicana no Cairo, como consequência do uso excessivo e desproporcional da força por parte dos efetivos da ordem.
A Anistia Internacional insistiu que nos últimos dias reportou o uso repetido de armas de fogo, tanto por parte dos opositores como dos partidários de Mursi, sobretudo na capital e em Mansura, no delta do rio Nilo.