A ONG ressalta que as três empresas "compram um terço de todo o cacau, que é produzido majoritariamente em pequenas explorações em países em desenvolvimento" (Medicaster/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2013 às 19h02.
Madri - A ONG Intermón Oxfam lançou nesta quinta-feira uma campanha a favor dos direitos da mulher, e fez um apelo a três grandes fabricantes de chocolate que compram cacau de quatro países, entre eles o Brasil, nos quais as coletoras do fruto sofrem "discriminação, maus tratos e abandono".
Com base nos resultados de uma pesquisa, a ONG afirma que as empresas Mars, Mondelez e Nestlé compram cacau no Brasil, na Indonésia, na Nigéria e na Costa do Marfim, países onde as mulheres produtoras recebem os piores salários, sofrem assédio e discriminação e não têm oportunidade de crescer, além de contarem com menor acesso a terra, créditos, capacitação e ferramentas do que os homens.
"As mulheres que trabalham na produção do chocolate que adoramos comer estão sendo esquecidas. Mars, Mondelez e Nestlé têm o poder e a responsabilidade de mudar essa situação", disse José María Vera, diretor-geral da Intermón Oxfam, que acrescentou que "as três manifestaram vontade de tornar seus produtos mais sustentáveis e agora é o momento de cumprir essa promessa".
A ONG organizou uma campanha de conscientização e diversas ações no mundo todo em frente às sedes e aos grandes pontos de venda destas companhias para exigir que abordem a desigualdade entre gêneros em suas cadeias de produção.
A Oxfam destacou que as três empresas "controlam 40% do mercado mundial de chocolate e compram um terço de todo o cacau, que é produzido majoritariamente em pequenas explorações em países em desenvolvimento".
Teresa Cavero, responsável pelos estudos apresentados pela Intermón Oxfam, disse que "durante décadas as empresas deram visibilidade às mulheres em seus anúncios de chocolate. É hora de fazerem o mesmo com as mulheres que cultivam suas matérias-primas".
A organização reconhece que estas companhias não são as que contratam diretamente as mulheres, mas afirma que é obrigação delas exigir que seus fornecedores protejam os direitos de "milhões de mulheres em todo o mundo que cultivam o cacau, essencial para a fabricação de seus chocolates".