Mundo

ONG francesa diz que a tortura é "endêmica" em muitos países

"Muitos Estados são ainda reticentes em investigar essas violações dos direitos humanos, passadas ou atuais", salientou a ACAT

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 13h37.

Paris - "A tortura é uma prática endêmica e constante em um em cada dois países", denuncia a ONG francesa Ação dos Cristãos para a Abolição da Tortura (ACAT) em um relatório que denuncia as "filiais de formação de torturadores" e o comércio de tecnologias para a tortura.

A ONG analisou neste estudo a situação de 19 países, quatro deles latino-americanos, tanto os considerados "autoritários" e como os "democráticos", totalizando 64 nações avaliadas.

"Um país em cada dois já praticava a tortura em 2010. E agora continua sendo assim", informou a organização.

"A tortura é uma prática de rotina, profundamente enraizada nos hábitos de diversos serviços de defesa e de segurança e cujos autores raramente são presos", explica.

Nas Américas, onde nos Estados do continente vigora a democracia, com exceção Cuba, e onde maioria adotou legislações que proíbem a tortura, "a violência institucional, a tortura e os maus-tratos continuam sendo extremamente comuns na região", afirma a ONG.

"Muitos Estados são ainda reticentes em investigar essas violações dos direitos humanos, passadas ou atuais", salientou a ACAT.


A organização ressalta que todo o mundo "pode ser afetado pela tortura, sejam militantes separatistas da Indonésia; jovens das ruas de El Salvador; jornalistas na Jordânia; pessoas investigadas nas delegacia do Nepal; mulheres homossexuais nas 'townships', as favelas na África do Sul; imigrantes clandestinos na Itália".

Além do estudo por países, a ACAT analisa as chamadas "filiais de formação de torturadores", em particular a "Escola das Américas", que formou 59.000 militares, policiais e civis da América Latina.

A ONG denuncia também um comércio florescente de tecnologias de tortura e sinaliza os limites dos sistemas de controle.

De acordo com a ONG, é característico dos sistemas torturadores a capacidade de perdurar mesmo depois das quedas dos regimes autoritários.

"Quando a tortura gangrena todo um sistema, não é possível detê-la de um dia para o outro. Podemos falar de uma verdadeira 'inércia' da tortura", afirma a organização.

Acompanhe tudo sobre:EuropaFrançaONGsPaíses ricos

Mais de Mundo

Quem é Friedrich Merz, novo chanceler da Alemanha que quer independência dos EUA

Hamas diz que não vai retomar negociação com Israel até que país solte detentos palestinos

Guerra na Ucrânia completa três anos e Zelensky elogia 'heroísmo' da população

Principal alvo das tarifas sobre metais é a China, diz ex-assessora de comércio da Casa Branca