Mundo

ONG diz que Shell e Cosan ameaçam índios guaranis

Survival International acusa a Shell de estar ciente de que a parceria com a companhia brasileira acabará em `roubo de terras guaranis´

Lideranças indígenas guarani protestam contra as condições de sua etnia no Brasil

Lideranças indígenas guarani protestam contra as condições de sua etnia no Brasil

DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 12h36.

Londres - A ONG Survival International criticou hoje a joint venture da companhia petrolífera Shell com a brasileira Cosan, do setor de biocombustíveis, porque o acordo colocaria ainda mais em risco a sobrevivência dos índios guaranis.

"A Shell pode agravar o que já é uma das situações mais críticas de todos os povos indígenas do Brasil. A companhia sabe o que seu parceiro brasileiro está fazendo e esperamos que não queiram se ver envolvidos no terrível roubo de terras guaranis", alerta a ONG em comunicado.

A Shell assinou no mês passado um acordo de US$ 12 bilhões com a Cosan para a produção de biocombustíveis a partir da cana-de-açúcar, mas parte desses cultivos estão em terras oficialmente reconhecidas como pertencentes aos guaranis, denuncia a Survival.

Segundo a ONG, um promotor brasileiro com poderes constitucionais para defender os direitos dos povos indígenas escreveu à Shell para advertir que essa joint venture com a Cosan "põe em perigo" o compromisso da primeira com "a biodiversidade e a sustentabilidade".

O filme "Birdwatchers", de 2008, chamou a atenção do mundo sobre os problemas dos guaranis e uma das estrelas daquele filme, Ambrosio Vilhalva, pertence à comunidade afetada pelas atividades da Cosan.

"As plantações de cana-de-açúcar estão acabando com os índios. Nossas terras se veem cada mais reduzidas. As plantações estão matando aos índios", denuncia o próprio Vilhalva em palavras divulgadas pela Survival em seu comunicado.

Quase todas as terras guaranis lhes foram já roubadas para dar lugar a criações de gado e plantações de soja e de cana-de-açúcar, destaca a Survival.

Segundo a ONG, os guaranis sofrem violentos ataques cada vez que tentam voltar a suas terras ancestrais e vários de seus líderes foram assassinados por pistoleiros.

A tribo tem também um dos índices de suicídio mais elevados do mundo. Os bebês morrem de desnutrição porque os pais carecem de terras para cultivar ou caçar, conclui a ONG britânica.

Leia mais notícias sobre sustentabilidade

Siga as notícias do site EXAME sobre Meio Ambiente e Energia no Twitter

Acompanhe tudo sobre:acordos-empresariaisAlimentos processadosAtacadoComércioCosanEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasIndígenasIndústria do petróleoJoint-venturesQuímica e petroquímicaShellSustentabilidade

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA