Manifestação contra a violência entre budistas e muçulmanos em Mianmar: autoridades afirmaram que não têm informações sobre o incidente (Soe Than Win/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2014 às 11h34.
Bangcoc - A ONG The Arakan Poject denunciou nesta sexta-feira um massacre cometido em uma aldeia de Mianmar por budistas com a conivência das forças de segurança contra muçulmanos, incluídos mulheres e crianças.
As autoridades birmanesas afirmaram que não têm informações sobre o incidente, que teria ocorrido na terça-feira em Du Char Yar Tan, no estado de Rajine.
"O número exato ainda não sabemos, recebemos dados que variam entre 10 e 60 (mortos)", relataram fontes da ONG para o jornal local "The Irrawaddy".
"As forças de segurança e aldeães saquearam muitas casas da aldeia. Mulheres e crianças foram brutalmente assassinadas e algumas (birmanesas) foram supostamente estupradas", acrescentou a organização segundo testemunhas.
"Foram apunhalados, o que indica que o massacre foi perpetrado por civis, mas na presença das forças de segurança, que não fizeram nada para impedir", acrescentou a ONG.
A organização The Arakan Project disse o ataque ocorreu depois da visita à região do monge U Wirathu, um dos fundadores do grupo 969 e que defende que a minoria muçulmana do país ameaça a pureza racial e a segurança nacional.
Mianmar tem cerca de 60 milhões de habitantes, dos quais 89% são budistas, 4% muçulmanos e o restante de outras religiões.
A maioria da comunidade muçulmana reside no estado de Rajine, vizinho a Bangladesh e onde a minoria rohingya se transformou no principal alvo da violência dos segregacionistas pois não são considerados cidadãos birmaneses mas imigrantes.
O vice-ministro de Informação birmanês, Ye Htut, declarou hoje que não tem notícias sobre massacre, mas sim do desaparecimento de um policial na região.
Em 2012, mais de 160 pessoas morreram e 120 mil foram deslocadas em função de enfrentamentos entre budistas e muçulmanos ocorridos em Rajine. Os distúrbios começaram após uma mulher ter sido supostamente assassinada e estuprada por muçulmanos.
A violência continuou em 2013 e se espalhou para outras partes do país, como na cidade de Meiktila, onde 43 pessoas foram assassinadas, incluídos várias crianças de uma escola islâmica que foram linchadas e queimadas por uma horda.