Tribo indígena fotografada pela Funai: algumas tribos ainda não estão imunes a doenças (Divulgação/Funai)
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2011 às 15h07.
Londres - As tribos indígenas isoladas, principalmente as amazônicas, poderão perder mais da metade de sua população se não forem tomadas medidas para proteger suas terras, alertou a ONG Survival International nesta quarta-feira, véspera da celebração do Dia Mundial da Saúde.
Segundo a organização de defesa dos direitos dos povos, com sede em Londres, quase todas entre as centenas de tribos isoladas existentes atualmente no mundo "correm o risco de ser dizimadas pelo desmatamento, pela exploração petroleira, pela construção de represas hidrelétricas e outros projetos" em suas terras ancestrais.
A Survival afirma, além disso, que o fato de os membros destas tribos não estarem imunizados contra doenças do mundo exterior, como a gripe ou o sarampo, faz com "que as epidemias causadas pelo contato possam ser devastadoras".
A ONG assinala que isso ficou demonstrado no início dos anos, 70 quando o território da tribo Panará na Amazônia brasileira foi invadido por causa da construção de uma estrada.
"Seguiu-se uma onda de doenças, e em 1980, 80% dos Panará morreram", afirma a Survival em um comunicado.
Também os Nukak, uma tribo nômade da Colômbia que tinha cerca de 1.300 membros quando se estabeleceu o primeiro contato em 1988, conta agora com apenas 420 indivíduos, exemplifica a ONG.
Na Amazônia peruana, os Murunahua também perderam mais de 50% de sua população desde meados dos anos 90, devido ao contato com as empresas madeireiras ilegais que invadem as florestas.
A lista de tribos dizimadas pelos contatos com o mundo exterior é muito mais longa, e também inclui os Nahuas do Peru, os Matis, os Tupari, os Mebengokre ou os Surui do Brasil, e os Aché do Paraguai.
"Se não for tratado com sumo cuidado, o contato com esses povos significa a erradicação de mais da metade de seus membros", declarou o diretor da Survival, Stephen Corry.
"É um fato documentado, por isso é difícil acreditar que os governos e as empresas continuem ignorando-o", concluiu.