Refugiados em Mosul: "As famílias na área oeste de Mossul nos dizem que escapar não é uma opção. Se tentam fugir se arriscam a execuções sumárias por parte de combatentes do EI" (Getty Images)
EFE
Publicado em 19 de fevereiro de 2017 às 17h17.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 09h53.
Londres - Cerca de 350.000 crianças estão cercadas no oeste de Mossul, onde as forças de segurança iraquianas começaram neste domingo a ofensiva contra o último grande bastião do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) no Iraque, segundo a organização Save the Children.
"As famílias na área oeste de Mossul nos dizem que escapar não é uma opção. Se tentam fugir se arriscam a execuções sumárias por parte de combatentes do EI, ou a serem vítimas de franco-atiradores ou minas", relatou Maurizio Crivallero, diretor para o Iraque da Save the Children.
A organização em favor dos direitos da infância alerta que o impacto da artilharia e do armamento pesado que está sendo usado na ofensiva, que se trava em ruas "estreitas e com muita densidade de população", pode ser o "mais mortífero e indiscriminado de tudo o que vimos até agora" no conflito.
O primeiro-ministro e chefe das forças armadas iraquianas, Haider al Abadi, anunciou hoje a iniciada da terceira fase da chamada Batalha de Mossul, uma cidade cujos bairros orientais já foram arrebatados dos jihadistas em janeiro.
Segundo a ONU, entre 750.000 e 800.000 civis vivem nos distritos ocidentais ainda controlados pelo Estado Islâmico, enquanto as agências humanitárias preparam espaço para entre 250.000 e 400.000 civis que calculam que poderiam fugir perante os novos combates.
"As forças iraquianas e seus aliados, incluindo Estados Unidos e Reino Unido, devem fazer tudo o que esteja em suas mãos para proteger às crianças e suas famílias de qualquer dano", ressaltou o diretor para o Iraque da Save the Children.
"A uma criança não lhe importa quem lança as bombas, só que estão caindo", argumentou Crivallero, que pediu aos militares que "evitem edifícios civis como escolas e hospitais à medida que penetrem na cidade".
A organização reivindica, além disso, que se estabeleçam rotas de escape para os civis o mais rápido possível.
"Uma vez que as famílias tenham conseguido sair, podemos entrar em contato com elas e ajudar-lhes para que salvem suas vidas, começar a contribuir para que seus filhos reconstruam sua vida depois de mais de dois anos sob o jugo do Estado Islâmico", concluiu Crivallero.