Jovem com suspeita de ebola tem a temperatura medida em cidade de Serra Leoa (Carl de Souza/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2014 às 17h32.
Genebra - Diferentes vacinas contra o ebola poderão ser testadas a partir de dezembro nos três principais países do oeste da África, afetados pela epidemia, que teve os primeiros casos registrados no Mali e na cidade de Nova York, além de uma possível contaminação na Costa do Marfim.
Diante da rapidez com que o vírus hemorrágico se propaga, a União Europeia anunciou que elevará sua ajuda, dos atuais € 600 milhões para até € 1 bilhão (US$ 1,265 bilhão).
A cidade de Nova York também registrou seu primeiro caso de ebola, o de um médico americano que voltou há cerca de uma semana da Guiné, onde trabalhou como voluntário da ONG Médicos sem Fronteiras (MSF).
Craig Spencer, de 33 anos, foi internado na quinta-feira com febre alta e mal-estar gastrointestinal e foi submetido a exames, que deram positivo para ebola.
Nesta sexta-feira, sua condição era estável e o médico permanecia em isolamento no Bellevue Hospital Center. Sua noiva e dois de seus amigos próximos estão em quarentena, mas sem sintomas, informaram autoridades sanitárias.
Após o anúncio do primeiro caso da febre hemorrágica na maior cidade dos Estados Unidos, o prefeito Bill de Blasio garantiu que Nova York está totalmente equipada para lidar com o ebola, enquanto as autoridades tentavam acalmar os temores de disseminação do vírus.
"Não há razão para alarme", disse de Blasio durante coletiva de imprensa. "Os nova-iorquinos precisam entender que estamos cuidando, e bem, da situação".
"Nossos especialistas médicos na cidade têm estudado esta doença de forma intensiva e trabalhado de perto com nossos parceiros federais", acrescentou o prefeito.
Enquanto isso, era noticiada a cura de Nina Pham e Amber Vinson, as duas enfermeiras que se infectaram enquanto cuidavam de um paciente liberiano, que faleceu no começo do mês no Texas.
As vacinas contra o ebola serão testadas em Libéria, Guiné e Serra Leoa, anunciou em Genebra a doutora Marie-Paule Kieny, diretora-geral adjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Se tiver êxito, centenas de milhares de doses poderiam estar prontas na "primeira metade" de 2015, acrescentou.
Duas vacinas experimentais aparecem como as principais candidatas a conter esta doença que já matou quase 4.900 pessoas desde o começo de 2014: a canadense rVSV, que deve passar por um novo período de testes, e a britânica ChAd3.
Segundo Kieny, existem outras cinco vacinas em potencial.
"A vacina não é uma panaceia, mas quando estiver pronta, pode se tornar em grande parte dos esforços para mudar o rumo da epidemia", acrescentou.
Menina de dois anos doente no Mali
O Mali também registrou seu primeiro caso de ebola, o de uma menina de dois anos que chegou da vizinha Guiné com a avó. As duas estão em isolamento e 43 pessoas permanecem em observação, informou nesta sexta-feira uma porta-voz da OMS.
Na Costa do Marfim, fronteiriça com dois dois três países mais afetados - Guiné e Serra Leoa -, era procurado ativamente um auxiliar de saúde guineano, suspeito de ter se contaminado e entrado clandestinamente no país.
Em Bruxelas, a União Europeia anunciou o aumento da ajuda, de € 600 milhões para € 1 bilhão, durante uma cúpula de seus líderes, e um coordenador para a luta contra o ebola, o novo comissário europeu de Assuntos Humanitários, o cipriota Christos Stylianides.
A França, por sua vez, decidiu ampliar os controles que começou a aplicar nos aeroportos a "todos os meios de transporte", inclusive as viagens marítimas, anunciou o presidente, François Hollande.
A China também anunciou uma doação de US$ 82 milhões.
A presidente da Libéria, o país mais afetado, Ellen Johnson Sirleaf, exigiu um controle estrito das fronteiras pelos três países afetados para impedir um retorno do vírus nas poucas regiões onde a epidemia recua.
Antes, na capital de Serra Leoa, Freetown, a presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, anunciou que a República Democrática do Congo (RDC) se comprometeu a enviar 1.000 assistentes sanitários, que se somam aos cerca de 600, que tinham sido prometidos pelos países do leste da África, embora não tenha informado quando serão enviados.
"A comunidade internacional reagiu aportando, sobretudo, infra-estruturas, mas não pessoal. As infra-estruturas são vitais para ter centros de tratamento, mas sem profissionais dentro, trata-se de um desperdício", advertiu.
É "extremamente difícil encontrar pessoal suficiente" para lutar contra o ebola em campo, admitiu o diretor-geral adjunto da OMS, doutor Keiji Fukuda.