Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara o surto de ebola como uma emergência sanitária internacional e decreta medidas para tentar frear a proliferação da doença que já matou cerca de mil pessoas em quatro países africanos.
A entidade admite que o surto está fora de controle.
O anúncio foi feito nesta sexta-feira, 8, em Genebra, depois de dois dias de reuniões entre os principais especialistas do mundo sobre a doença.
Até hoje, apenas a pólio e a gripe A haviam sido declaradas como uma emergência internacional.
Esse é um evento extraordinário, declarou Margaret Chan, diretora da OMS. "Minha decisão, baseada no que está ocorrendo e diante do risco que isso significa, foi de declarar uma emergência mundial", afirmou.
Ela foi orientada por um grupo de 20 especialistas.
O temor é de que a doença saia do Oeste da África e migre para grandes cidades, inclusive na Europa ou mesmo para centros comerciais do continente africano.
Nos últimos dias, empresas como a British Airways e a Emirates deixaram de voar para a região mais afetada.
O primeiro alerta sobre a doença foi dado há cinco meses com os primeiros casos sendo registrados em Conakry, capital da Guiné.
Hoje, com 1,7 mil infectados, o surto é o maior já registrado desde que a doença foi descoberta pela primeira vez em 1976 no Sudão e na República Democrática do Congo.
O volume de casos em 2014 é quatro vezes superior ao pior surto já identificado, no ano 2000.
O que vem assustando os especialistas ainda é que, ao contrário de casos no passado, o surto parece não perder força e continua se espalhando.
Diante desse cenário, o Comitê de Emergência da OMS se reuniu para determinar o que fazer a partir de agora.
Entre as recomendações adotadas não está a restrição de viagens aos países mais afetados, como Libéria, Sierra Leoa e Guiné.
Apesar de a Nigéria contar com dois mortos e nove suspeitos, a OMS optou por não sugerir a interrupção de viagens ao maior país da África.
Isso teria um impacto econômico grande demais para essas economias, declarou Chan.
Mas a OMS exige que pacientes ou pessoa contaminadas permaneçam nos países - salvo em casos de autorização para tratamento - e que aeroportos estejam preparados para escanear cada um dos passageiros que tenha um voo para sair dos países.
Pessoas suspeitas de estarem contaminadas ainda devem ficar em isolamento por 30 dias e todos os eventos públicos - como missas e jogos de futebol - devem ser anulados.
Todos os países afetados ainda devem declarar emergências nacionais e, no caso dos demais locais próximos, fronteiras e controles em portos e aeroportos precisam ser reforçados.
Aos demais países, como no caso do Brasil, a entidade pede que governos estejam prontos para detectar casos, investigar e isolar suspeitos.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)