Diretor-geral da OMC, Pascal Lamy: "nossa previsão para o comércio mundial este ano é de +10% em volume, depois dos -12% de 2009" (MN Chan/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de julho de 2010 às 11h13.
Xangai - O comércio mundial aumentará 10% em 2010, depois de ter sofrido uma redução de 12% no ano passado, anunciou nesta sexta-feira, em Xangai, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, ao apresentar o relatório anual da instituição.
"Nossa previsão para o comércio mundial este ano é de +10% em volume, depois dos -12% de 2009", declarou Lamy.
A OMC elevou sua previsão em relação à cifra adiantada em março (+9,5%).
Segundo a OMC, em 2009 ocorreu uma queda sem precedentes do volume de negócios desde a Segunda Guerra Mundial, por culpa da crise econômica, que afetou fortemente a demanda.
"O crescimento do comércio registra um rápido retorno, principalmente graças ao contínuo dinamismo da China e de outros países", explicou Lamy, em um segundo discurso pronunciado no Instituto para o Comércio Internacional de Xangai.
Neste sentido, Lamy estimou que, salvo surpresas ruins, a projeção de um crescimento de 10% "pode, inclusive, ser muito conservadora".
Em seu informe, a OMC incentiva os Estados a reforçar sua cooperação na área do comércio internacional dos recursos naturais, advertindo sobre possíveis novas tensões em caso contrário.
"Acho não apenas que é possível encontrar, nas negociações, compromissos mutuamente benéficos, que abarquem o comércio dos recursos naturais, como também que o fato de não tratar dessas questões seria uma fonte de crescente tensão nas relações comerciais internacionais", afirma Lamy no relatório.
Em 2008, o comércio de recursos naturais representava 3,7 trilhões de dólares, ou seja, 24% do comércio mundial de mercadorias. Este valor sextuplicou entre 1998 e 2008.
A Rússia é o primeiro exportador mundial de recursos naturais, com uma fatia do mercado de 9,1% em 2008, em especial graças à forte alta dos preços dos combustíveis. A Arábia Saudita ocupa o segundo lugar com 7,6%.
Do lado dos importadores, os Estados Unidos encabeçam a lista ao comprar 15,2% dos recursos naturais à venda em 2008, seguidos do Japão (9,1%) e da China (8,6%).
Mas frente ao caráter não renovável de certas matérias-primas, os países ricos em recursos naturais geralmente limitam as exportações através de tributação ou de restrições quantitativas, assinala a OMC.
Essas tarifas sobre as exportações dizem respeito a 11% do comércio de recursos naturais, contra 5% do de outros produtos, segundo o informe.
Estas medidas têm efeitos prejudiciais para os outros países ao influenciar os preços mundiais e afetar os benefícios entre importadores e exportadores, lamenta a OMC, que recomenda tomar medidas que permitam favorecer a conservação dessas matérias-primas.
Lamy indica que sua conclusão, que "não surpreenderá ninguém", é que as coisas melhorarão nesse aspecto "se conseguirmos fechar rapidamente a Rodada de Doha".
A Rodada de Doha, que deve resultar numa maior liberalização do comércio internacional, reduzindo os direitos alfandegários de milhares de produtos, foi lançada no Qatar, em 2001, mas até o momento todas as reuniões organizadas para concluí-la resultaram em fracasso.