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Olimpíadas de Pequim sem EUA? Biden considera boicote diplomático

Isso significaria que os funcionários do governo não compareceriam aos Jogos de Inverno, em fevereiro, embora não impedisse os atletas de competir

Os presidentes dos EUA, Joe Biden (E), e da China, Xi Jinping (D). (AFP/AFP)

Os presidentes dos EUA, Joe Biden (E), e da China, Xi Jinping (D). (AFP/AFP)

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Agência O Globo

Publicado em 19 de novembro de 2021 às 11h19.

O presidente Biden disse nesta quinta-feira que os Estados Unidos estão considerando um boicote diplomático às Olimpíadas de Inverno de Pequim, em 2022, à medida que cresce a pressão para responsabilizar a China por abusos de direitos humanos.

O boicote significaria que funcionários do governo não compareceriam aos Jogos, que estão programados para começar em fevereiro, embora não impeça os atletas norte-americanos de competir.

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Ao se reunir com o primeiro-ministro Justin Trudeau do Canadá na Casa Branca, Biden respondeu à pergunta de um repórter sobre potencial para um boicote diplomático dizendo que era "algo que estamos considerando".

O comentário veio dias após uma reunião virtual entre Biden e o líder da China, Xi Jinping, que teve como objetivo evitar que o aumento das tensões se transformem em um conflito mais amplo. Enquanto Xi alertava o governo contra o apoio a Taiwan, Biden levantou preocupações sobre os abusos na região de Xinjiang, Tibete e Hong Kong, de acordo com um comunicado da Casa Branca.

Os abusos contra a comunidade uigur, bem como a repressão à liberdade de expressão em Hong Kong, levaram a apelos de cerca de 180 organizações de direitos humanos e membros do Congresso para usar as Olimpíadas como uma oportunidade para responsabilizar a China. Mas, enquanto alguns vêem um boicote diplomático como uma forma de enviar uma mensagem sem punir os atletas dos EUA, outros questionam a eficácia de reter uma delegação do governo quando a atenção do público está voltada para a competição atlética.

— Independentemente se queremos ou não, as Olimpíadas de Pequim vão acontecer — disse Frédéric Mégret, codiretor do Centro de Direitos Humanos e Pluralismo Legal da Universidade McGill e advogado internacional de direitos humanos. — A questão é: você quer dar ao governo chinês oportunidades fotográficas?

O apoio bipartidário a algum tipo de boicote tem aumentado constantemente. A porta-voz Nancy Pelosi, da Califórnia, pediu este ano ao presidente que impedisse a participação de uma delegação dos EUA, embora ela tenha dito que os atletas deveriam poder competir. O senador Tom Cotton, republicano de Arkansas, pediu na quinta-feira um boicote total aos Jogos de Pequim.

O secretário de Estado, Antony J. Blinken, disse ao The New York Times na semana passada que os Estados Unidos estavam discutindo com aliados "como estão pensando sobre a participação" nas Olimpíadas. “É uma conversa ativa”, disse ele. Os governos do Canadá e da Europa também enfrentaram pressões para boicotar os Jogos.

Em reunião virtual, Biden e Xi Jinping conversam sobre Taiwan

Biden e Xi Jinping participam de reunião virtual (Alex Wong / Equipe/Getty Images)

Pouco impacto

O Comitê Olímpico e Paraolímpico dos EUA, que precisaria assinar qualquer boicote total, deixou claro que não apoia um boicote que impediria os atletas americanos de competir em Pequim.

— Foi demonstrado que eles impactam negativamente os atletas, embora não abordem com eficácia as questões globais — disse Kate Hartman, porta-voz do comitê, sobre os boicotes. — Acreditamos que o curso de ação mais eficaz é os governos do mundo e a China se engajarem diretamente nas questões de direitos humanos e geopolíticas.

Ela não respondeu a uma pergunta sobre qual a forma de engajamento que o comitê prefere.

Biden e Xi não discutiram as Olimpíadas de Pequim quando se encontraram na segunda-feira, disse Jen Psaki, a secretária de imprensa da Casa Branca, na quinta-feira.

Mas ela reconheceu que “temos preocupação”, observando os abusos aos direitos humanos.

A Psaki não respondeu a um e-mail perguntando se o presidente havia tomado alguma decisão sobre os Jogos.

A última vez que os Estados Unidos boicotaram totalmente as Olimpíadas foi em 1980, quando o presidente Jimmy Carter impediu que os atletas participassem do evento em protesto à presença militar da União Soviética no Afeganistão.

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A ação é amplamente considerada como de poucos resultados tangíveis, ao mesmo tempo que proporcionou à Rússia muitos pontos de discussão.

— Foi visto como uma vitória da propaganda para os soviéticos na época — disse Mégret. — Isso foi visto principalmente como uma punição para os atletas dos EUA e não teve realmente nenhum efeito na União Soviética.

O senador Mitt Romney, republicano de Utah, ecoou esse sentimento este ano. Ele, que comandou o comitê que organizou os Jogos de Salt Lake City em 2002, escreveu um editorial opinativo no New York Times pedindo um boicote econômico e diplomático às Olimpíadas de 2022, em vez de impedir os atletas de competir.

Limitar o boicote a funcionários do governo pode ser uma forma de enviar uma mensagem aos líderes do país anfitrião, ao mesmo tempo que permite aos atletas competir e protestar contra a opressão no cenário global, disseram historiadores.

Depois que a Rússia aprovou legislação anti-LGBTQ, em 2013, o presidente Barack Obama incluiu três atletas gays em uma delegação dos EUA para os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi.

Uma das cenas mais famosas da história olímpica foi em 1968, quando os velocistas John Carlos e Tommie Smith ergueram os punhos em um símbolo do poder negro.

— Os regimes têm uma história de tratar seus anfitriões das Olimpíadas com um selo de aprovação internacional por tudo o que estão fazendo — disse John Soares, professor de história da Notre Dame que escreveu sobre as Olimpíadas. — Os críticos do histórico de direitos humanos de um regime ou outros aspectos de sua política dizem que não se deve fornecer esse selo de aprovação.

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