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Olaf Scholz, chanceler alemão, nega intervenção em caso do banco Warburg

O chanceler agora é menos popular do que alguns de seus ministros, menos de um ano depois de assumir o cargo

O "Cum-Ex" foi um dispositivo de otimização fiscal criado por vários bancos (Michael Sohn/Reuters)

O "Cum-Ex" foi um dispositivo de otimização fiscal criado por vários bancos (Michael Sohn/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de agosto de 2022 às 13h40.

Última atualização em 19 de agosto de 2022 às 15h03.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, negou nesta sexta-feira, 19, ter exercido qualquer pressão sobre o escândalo "Cum-Ex", um caso de fraude fiscal sobre dividendos, em sua declaração perante uma comissão parlamentar de investigação.

"Eu não exerci nenhuma influência no processo fiscal relativo ao banco Warburg", declarou o líder social-democrata.

O "Cum-Ex" foi um dispositivo de otimização fiscal criado por vários bancos, que permitia aos investidores estrangeiros aliviar seus impostos sobre os dividendos.

Dezenas de pessoas foram acusadas neste caso na Alemanha, incluindo banqueiros, corretores financeiros, advogados e consultores. Uma dúzia de países foram afetados pelo escândalo.

Entre os bancos incriminados está o Warburg de Hamburgo, que deveria ter pago € 47 milhões à cidade portuária alemã.

Os investigadores tentam descobrir se alguns líderes políticos, incluindo Scholz, então prefeito de Hamburgo, pressionaram o tesouro municipal a desistir de recolher esses impostos.

"Não houve influência política no procedimento fiscal", insistiu Scholz, rejeitando as "suposições e insinuações" reiteradas na imprensa.

Aparentemente, a decisão de renunciar ao reembolso do dinheiro devido pelo banco Warburg foi tomada logo após uma conversa entre Scholz e Christian Olearius, então diretor do banco. Scholz nega ter pressionado os responsáveis do fisco da cidade de Hamburgo, da qual foi prefeito de 2011 a 2018.

No entanto, várias informações reveladas nos últimos dias colocam em xeque suas alegações. De acordo com vários meios de comunicação, os investigadores tiveram acesso a vários e-mails de alguém próximo a Scholz, que forneceriam elementos "potencialmente probatórios" de "reflexões sobre a eliminação de dados".

Além disso, a polícia encontrou mais de 200 mil em espécie na casa de outro político do Partido Social Democrata (SPD), que pode ter desempenhado um papel no reembolso do banco, alimentando suspeitas de um possível acordo financeiro secreto.

Outros documentos apreendidos sugerem que Scholz, ao contrário do que afirmou até agora, teria levantado a questão do reembolso diretamente com Christian Olearius. Nesta sexta-feira, 19, Scholz explicou que se encontrou com Olearius várias vezes, mas sem guardar "uma memória concreta" desses encontros.

O jornal Bild publicou nesta sexta-feira fragmentos da agenda de Olearius, que menciona um encontro com Scholz em 26 de outubro de 2016. "Ele faz perguntas, ouve sem expressar a mínima opinião e sem indicar se vai agir ou não", teria escrito o banqueiro depois dessa reunião.

A oposição criticou duramente o líder da maior potência econômica da Europa.

"As últimas revelações levam à suposição de que Olaf Scholz e sua equipe imediata fizeram um esforço para fornecer apenas informações limitadas sobre algumas reuniões ou conversas telefônicas [...] ou para escondê-las voluntariamente para proteger o atual chanceler", disse Matthias Hauer, um membro conservador do Comitê de Finanças do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão).

O caso não caiu bem para Olaf Scholz, que agora é menos popular do que alguns de seus ministros, menos de um ano depois de assumir o cargo.

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