Rússia: as famílias das vítimas do atentado começaram a enterrar nesta quinta seus parentes (Maxim Shemetov/Reuters)
AFP
Publicado em 6 de abril de 2017 às 15h34.
Última atualização em 6 de abril de 2017 às 18h28.
Oito pessoas suspeitas de envolvimento no atentado que deixou 13 mortos, na segunda-feira, no metrô de São Petersburgo, foram detidas em Moscou e em São Petersburgo, informou nesta quinta-feira o Comitê de Investigação russo.
"Seis pessoas foram detidas em São Petersburgo e duas em Moscou por seu envolvimento no atentado", durante a investigação realizada pelos Serviços de Segurança (FSB) e pelo Ministério do Interior, afirmou o comitê em um comunicado.
Estas prisões foram feitas em uma "investigação complexa" do FSB e do Ministério, afirmou o comitê.
Os investigadores confiscaram em seus domicílios um "artefato explosivo idêntico" ao que foi desativado por agentes na segunda-feira na estação de metrô da praça Vosstaniya, assim como armas de fogo e munições, segundo a mesma fonte.
As oito pessoas listadas no comunicado têm nomes e sobrenomes originários da Ásia Central.
O suposto autor do atentado suicida, Akbarjon Djalilov, nasceu na região de Och, no sul do Quirguistão.
Nesta quinta-feira à noite, o FSB anunciou ter desativado um artefato explosivo de fabricação caseira em um edifício do leste de São Petersburgo, sem dar mais detalhes.
Os investigadores também indicaram ter encontrado "objetos importantes para a investigação" na casa de "cidadãos de países da Ásia Central que estavam em contato com Djalilov".
Após este atentado, qualificado pelo Kremlin como "um desafio lançado a todos os russos, incluindo o presidente", Vladimir Putin, as autoridades multiplicaram as medidas de "segurança antiterrorista" no metrô.
O suposto autor do atentado, identificado graças a um teste de DNA, é Akbarjon Djalilov, um homem de 22 anos, que vivia na Rússia desde 2011.
Os motivos de Djalilov seguem sendo uma incógnita, mas o Comitê de Investigação russo indicou que examinava seu possível relação com o grupo extremista Estado Islâmico (EI), fazendo alusão a esta organização pela primeira vez.
A região de Och é conhecida por ter proporcionado grandes contingentes ao grupo EI na Síria e no Iraque.
Na quarta-feira, as forças de ordem russas anunciaram a prisão de sete cidadãos de países da Ásia Central em São Petersburgo, suspeitos de recrutar "terroristas", mas afirmaram que não estavam relacionados "por enquanto" com o suposto autor do atentado.
Dez mil pessoas se reuniram no centro de Moscou para deixar flores em homenagem às vítimas, segundo um jornalista da AFP no local.
Em São Petersburgo, milhares de pessoas se reuniram em frente à estação do metrô onde ocorreu a explosão da bomba, constatou outro jornalista da AFP.
As famílias das vítimas enterraram nesta quinta-feira seus parentes, no terceiro e último dia de luto nesta segunda cidade da Rússia.
O primeiro enterro, o de Irina Mediantseva, de 50 anos, criadora de bonecas artesanais e mãe de dois filhos foi em Sverdlov, na região de Vsevolojsk, a 20 quilômetros de São Petersburgo.
"Tinha duas filhas. O que aconteceu é horrível", confessou à AFP a irmã de Irina, durante um funeral ortodoxo.
Esta mãe de família estava com uma de suas filhas no vagão no momento da explosão.
A jovem de 30 anos apenas ficou ferida.
Entre as vítimas estão vários jovens, como o estudante Maxime Arychev, de 20 anos, originário do Cazaquistão.
Dilbara Alieva, de 21 anos, nascida no Azerbaijão e estudante do terceiro ano de psicologia, morreu no hospital na noite do atentado.
Assim como Ksenia Malioukova, estudante de obstetrícia de 18 anos, que ia se encontrar com seu namorado e morreu no atentado.
Ou jovem Denis Petrov, de 25 anos e campeão de kickboxing.
A Rússia, que comanda na Síria uma operação militar em apoio a Damasco, não sofria um ataque tão impactante desde a explosão em 31 de outubro de 2015 de um avião com 224 pessoas a bordo, que fazia a rota entre o norte do Egito e São Petersburgo.
Desde este atentado reivindicado pelo EI, vários ataques atingiram as instáveis repúblicas russas do Cáucaso e os Serviços de Segurança anunciaram várias vezes ter desmantelado células extremistas com intenção de atacar Moscou eSão Petersburgo.