Joaquin Guzman, o (Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 14 de julho de 2015 às 12h58.
São Paulo – Autoridades ligadas ao DEA (Drug Enforcement Administration), órgão do governo dos Estados Unidos para o combate e controle das drogas, sabiam que Joaquin Guzman, o temido traficante mexicano conhecido como “El Chapo”, tinha planos de fugir da prisão federal no México, na qual estava preso desde fevereiro de 2014.
As revelações foram feitas pela agência de notícias Associated Press, que teve acesso a documentos internos do órgão, e também pelo canal americano CBS News, que disse ter obtido a informação de fontes ligadas ao DEA. Ainda segundo o canal, os planos de El Chapo vieram à tona para autoridades cerca de um mês depois que ele foi preso, em março daquele ano.
A fonte ouvida pela CBS contou que agentes do órgão juntaram aos poucos peças de informações sobre diversas possibilidades para uma triunfal escapada de Guzman e que contavam com a ajuda de familiares, amigos e colegas de outras organizações criminosas no México. Um deles considerava o suborno de guardas ou possíveis ameaças.
Nenhuma delas, contudo, considerava o esquema espetacular deste final de semana. Por meio de um túnel pequeno aberto dentro da cela, El Chapo desceu até um túnel principal, de mais de um quilômetro de comprimento, até chegar em um imóvel em obras nos arredores da prisão de segurança máxima. O trajeto contava com iluminação, ventilação e até uma moto adaptada para trilhos.
Desde a fuga no sábado, uma imensa operação de recaptura foi lançada no México. Nesta manhã, a procuradora geral do país anunciou uma recompensa no valor de 3,8 milhões de dólares por informações sobre o seu paradeiro que o tragam de volta para a prisão.
Esta não é a primeira fuga de El Chapo. Em 2001, depois de conseguir subornar os guardas da prisão na cidade de Guadalajara, onde estava preso desde 1993, Guzman escapou e só foi recapturado em fevereiro do ano passado. Desconfia-se que o plano deste sábado também tenha sido executado com a ajuda de funcionários penitenciária.
Guzman é o líder do Cartel de Sinaloa, que foi descrito pela Insight Crime, uma fundação independente dedicada ao estudo das organizações criminosas em atividade na América Latina e no Caribe, como a maior e mais perigosa organização de tráfico de drogas em todo o ocidente.
Fundado em meados da década de 80, o cartel atualmente opera em 17 estados mexicanos e está presente em 50 países. A organização é ainda especializada em lavagem de dinheiro, além do tráfico de drogas, e vem sendo chefiada por Juan Jose Esparragoza Moreno, conhecido também como “El Azul”, e por Ismael Zambada Garcia, “El Mayo”.