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Ofensiva rebelde na Síria força 1,1 milhão de pessoas a fugirem de casa em três semanas, diz ONU

Em meio à transição de poder, primeiro-ministro do país pediu aos seis milhões de sírios no exílio desde o início da guerra civil, em 2011, que retornassem para 'reconstruir' a nação

Agência o Globo
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Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 08h45.

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Mais de um milhão de pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, foram forçadas a fugir de casa desde o início da ofensiva rebelde na Síria, em 27 de novembro, informou nesta quinta-feira o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). A ação resultou na queda do presidente Bashar al-Assad
após 13 anos de guerra civil no país, derrubando uma ditadura de mais de 50 anos do clã Assad.

"Até 12 de dezembro, 1,1 milhão de pessoas foram deslocadas no país desde o início das hostilidades em 27 de novembro. A maioria é composta por mulheres e crianças", declarou o Ocha em comunicado.

Segundo a agência da ONU, na província de Aleppo, segunda maior do país e uma das primeiras a ser tomada pelos rebeldes, o fechamento de padarias devido à escassez de farinha e diesel tem intensificado a escassez de alimentos. "Os suprimentos de vegetais são limitados, a falta de eletricidade persiste em alguns bairros e os preços dos combustíveis continuam altos", elenca o Ocha.

Confrontos próximos à barragem de Tishreen, em Aleppo, levaram a interrupções no fornecimento de eletricidade, água e outros serviços essenciais desde terça-feira. Mais de 400 mil pessoas foram afetadas em áreas como as cidades de Menbij e Kobani.

No nordeste do país, mais de 40 mil pessoas deslocadas estão abrigadas em cerca de 200 centros coletivos parceiros da ONU, onde organizações humanitárias estão distribuindo alimentos, kits de higiene e dinheiro, além de apoio psicossocial.

O acesso à ajuda humanitária, porém, tem sido um desafio nessa parte do país. Em cidades como Raqqa, Tabqa, Hassakeh e Derik, a movimentação está mais restritas nos postos de controle e há diversos relatos de saques a mantimentos. Ainda assim, a ONU afirma já ter fornecido alimentos a mais de 700 mil pessoas que vivem no noroeste da Síria desde o início das hostilidades.

Governo inclusivo

Nesta quinta, os novos líderes da Síria prometeram estabelecer o “Estado de direito” após anos de abusos sob o comando de Assad. A comunidade internacional está preocupada com o tratamento dado pelos governantes às diversas minorias da Síria, e vários países pediram um governo “inclusivo”.

Um porta-voz do governo sírio, Obaida Arnaut, disse à AFP na quinta-feira que os novos governantes querem estabelecer um “estado de direito”.

"Todos aqueles que cometeram crimes contra o povo sírio serão julgados de acordo com a lei", disse um porta-voz do governo sírio, Obaida Arnaut, à AFP, acrescentando que o novo poder “congelará a Constituição e o Parlamento” por um período de transição, inicialmente de três meses. "Um comitê jurídico e de direitos humanos será formado para examinar a Constituição e fazer emendas".

Questionado sobre as liberdades pessoais e religiosas, o porta-voz disse que “respeitamos a diversidade cultural e religiosa na Síria”.

Retorno dos exilados

Para acalmar os temores da comunidade internacional, o primeiro-ministro sírio Mohamad al-Bashir, nomeado até 1º de março, procurou ser tranquilizador.

"Garantiremos os direitos de toda a população e de todas as religiões na Síria", prometeu ele em uma entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, publicada na quarta-feira.

Bashir também pediu aos milhões de sírios no exílio que retornem para “reconstruir” o país, que tem uma maioria árabe sunita, mas abriga muitas comunidades étnicas e religiosas.

Cerca de seis milhões de sírios — um quarto da população — fugiram do país desde 2011, quando uma repressão aos protestos pró-democracia durante a Primavera Árabe levou a uma guerra que matou mais de 500 mil pessoas.

 

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