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Ofensiva de Israel deixa mais de 100 mortos em 4 dias

Em Gaza, ataques israelenses nesta sexta-feira mataram oito palestinos, incluindo uma criança e uma mulher, segundo o serviço de emergências

Bombardeio israelense na Faixa de Gaza: ataques já somam 101 mortos e mais de 500 feridos desde o início da operação (Jack Guez/AFP)

Bombardeio israelense na Faixa de Gaza: ataques já somam 101 mortos e mais de 500 feridos desde o início da operação (Jack Guez/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de julho de 2014 às 17h25.

Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou nesta sexta-feira que "nenhuma pressão internacional" impedirá seu país de "atacar os terroristas", ao se referir à ofensiva contra o Hamas em Gaza que já deixou mais de 100 mortos em quatro dias.

"Nenhuma pressão internacional nos impedirá de atacar os terroristas que nos atacam", declarou Netanyahu durante uma coletiva de imprensa no Ministério da Defesa em Tel Aviv.

Em Gaza, os ataques israelenses na manhã desta sexta-feira mataram oito palestinos, incluindo uma criança e uma mulher, segundo o serviço de emergências. Com isso, chega a 103 o número de mortos, enquanto o de feridos passa de 500, desde o início da operação israelense "Barreira de Proteção" na madrugada de terça-feira.

Esse novo conflito é o mais violento desde a operação "Pilar de Defesa", que, em novembro de 2012, deixou 177 mortos palestinos e seis israelenses.

De acordo com o Exército israelense, o Hamas, considerado uma organização terrorista por Washington, e a Jihad islâmica, um grupo radical aliado, dispararam desde quinta-feira 40 foguetes e morteiros na direção de Israel. Ao todo, 426 projéteis foram lançados de Gaza, causando uma dúzia de israelenses feridos, mas sem vítimas fatais.

O movimento islamita palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza, assumiu a autoria do lançamento de quatro foguetes de longo alcance M75 contra o aeroporto internacional Ben Gurion, na região de Tel Aviv. O alvo não chegou a ser atingido.

A nova escalada de violência começou após o sequestro e assassinato de três estudantes israelenses no início de junho na Cisjordânia ocupada, crime pelo qual Israel culpa o Hamas. Alguns dias depois, um jovem palestino foi assassinado queimado vivo em Jerusalém, em uma ação de judeus de extrema-direita.

O confronto ameaça chegar ao norte de Israel, atingido por um foguete lançado a partir do Líbano, mas que não provocou vítimas. O Exército israelense, que respondeu com um ataque contra a localidade libanesa de Kfar Shuba, não acredita em um ataque do movimento xiita libanês Hezbollah, e sim de um pequeno grupo palestino.

'Castigo coletivo'

Em Jerusalém Oriental e nos Territórios palestinos, a situação era tensa durante a oração muçulmana semanal nesta sexta-feira de Ramadã.

Temendo atos de violência, a polícia israelense restringiu mais uma vez o acesso à Esplanada das Mesquitas, na Cidade Velha de Jerusalém: apenas 12 mil muçulmanos puderam orar, muito menos do que nas últimas semanas.

Na Galileia, norte de Israel, quatro mil árabes israelenses se manifestaram perto de Nazaré contra "os crimes de guerra israelenses" em Gaza.

A Força Aérea israelense lançou mais de 200 ataques na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas contra alvos ligados ao Hamas, incluindo túneis, escritórios e casas.

Um fotógrafo da AFP viu vários barcos em chamas no porto de Gaza, incluindo o "Gaza Ark", um grande navio pesqueiro, com o qual uma organização internacional pró-palestina se preparava para tentar romper o bloqueio naval israelense.

No terreno, os preparativos para uma possível operação terrestre continuam.

"Os terroristas em Gaza cometeram um grave erro ao atacar a população de Israel", repetiu o chefe do Estado-Maior israelense, general Benny Gantz, advertindo que seu Exército irá "ampliar suas atividades segundo suas necessidades e com as forças necessárias".

Cerca de 33.000 reservistas israelenses foram mobilizados para substituir os soldados no norte e no centro, a fim de realocá-los perto da Faixa de Gaza.

Um fotógrafo da AFP viu uma grande concentração de armas de artilharia israelenses perto do enclave palestino.

Na frente diplomática, a comunidade internacional tem mobilizado, timidamente, esforços para deter a espiral de violência.

Durante uma conversa por telefone com o premiê Benjamin Netanyahu, o presidente americano, Barack Obama, "expressou seu temor de uma escalada".

"Os Estados Unidos continuam prontos para facilitar o fim das hostilidades, incluindo o retorno ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012", acrescentou a Casa Branca.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, fez um apelo na quinta-feira em favor de um cessar-fogo durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

Nesta sexta-feira, 34 ONGs divulgaram um comunicado conjunto, pedindo uma trégua e o respeito aos direitos Humanos na Faixa de Gaza.

O Egito, primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, em 1979, criticou a "política de punição coletiva" israelense em Gaza. Já o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou Israel nesta sexta de conduzir uma política baseada em "mentiras" sobre os bombardeios contra a Faixa de Gaza.

"Ele (Israel) diz que (o Hamas) dispara foguetes. Mas alguém morreu?", questionou Erdogan, que discursava para partidários reunidos em Istambul, acrescentando que "o número de palestinos que vocês (Israel) mataram chegou a 100".

"Sua vida (a vida de Israel) é baseada em mentiras. Não é honesta", criticou.

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