Mundo

OEA e governos da região condenam levante militar na Bolívia e pedem respeito à democracia

Países foram unânimes na defesa ao governo de Luis Arce, e pediram um retorno imediato à ordem democrática no país; UE critica tentativa de 'derrubar governos democraticamente eleitos'

Tropas militares fazem disparos de bombas de gás contra a multidão perto do palácio presidencial em La Paz (AIZAR RALDES/AFP)

Tropas militares fazem disparos de bombas de gás contra a multidão perto do palácio presidencial em La Paz (AIZAR RALDES/AFP)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 26 de junho de 2024 às 18h32.

Última atualização em 26 de junho de 2024 às 18h48.

Tudo sobreBolívia
Saiba mais

Minutos depois do anúncio do presidente da Bolívia, Luis Arce, denunciar "mobilizações irregulares" de tropas militares nos arredores do palácio presidencial, no que depois se revelou ser um golpe contra seu governo, países da América Latina e a Organização dos Estados Americanos saíram em defesa das lideranças bolivianas, e exigiram respeito aos valores democráticos.

"A Secretaria-Geral da OEA condena veementemente os acontecimentos na Bolívia. O Exército deve submeter-se ao poder civil legitimamente eleito. Enviamos nossa solidariedade ao presidente da Bolívia, Luis Arce Catacora, ao seu governo e a todo o povo boliviano", escreveu no X, o antigo Twitter, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro. "A comunidade internacional, a OEA e a Secretaria-Geral não tolerarão qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolivia ou em qualquer outro lugar."

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, anfitrião da reunião da OEA, em Assunção, disse condenar "as mobilizações irregulares do Exército boliviano denunciadas pelo presidente Luis Arce", e fez um "forte apelo ao respeito pela democracia e pelo Estado de direito", em declarações no X.

Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que é "um amante da democracia", que deseja que "a democracia prevaleça na América Latina",  e que "golpe nunca deu certo". O Planalto também afirmou que o presidente cogita uma viagem ao país andino no mês que vem.

"Pedi para o meu ministro entrar em contato para ele ter certeza, porque a gente não pode ficar anunciando coisa que depois não acontece. Eu quero informações, eu pedi para o ministro Mauro ligar para a Bolívia, ligar para o presidente, ligar para o embaixador brasileiro para gente ter certeza para ter uma posição", afirmou.

No X, Lula reiterou as declarações de apoio a Arce.

"A posição do Brasil é clara. Sou um amante da democracia e quero que ela prevaleça em toda a América Latina. Condenamos qualquer forma de golpe de Estado na Bolívia e reafirmamos nosso compromisso com o povo e a democracia no país irmão, presidido por Luis Arce", escreveu o presidente.

Gustavo Petro, presidente da Colômbia, rejeitou a tentativa de golpe na Bolívia e convidou "todo o povo boliviano à resistência democrática", ecoando um pedido do próprio Arce.

"A América Latina deve unir-se em favor da democracia. A embaixada colombiana deve conceder refúgio aos perseguidos. Não haverá relação diplomática entre a Colômbia e a ditadura", escreveu Petro no X. "Um golpe antidemocrático é recebido com uma mobilização generalizada do povo."

Gabriel Boric, presidente do Chile, expressou a "preocupação pela situação na Bolívia", e destacou o "apoio à democracia no nosso país irmão e ao governo legítimo de Luis Arce".

"Condenamos veementemente a inaceitável ação de força por parte de um sector do Exército daquele país. Não podemos tolerar qualquer violação da ordem constitucional legítima na Bolívia ou em qualquer outro lugar", concluiu o líder chileno.

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, usou linguagem semelhante ao condenar de forma veemente a tentativa de golpe, segundo ele "levados a cabo por um setor das suas Forças Armadas, que ameaçam a sua ordem democrática e constitucional".

"Expressamos a nossa solidariedade ao governo legítimo do presidente Luis Arce", concluiu Lacalle Pou, no X.

Por meio da conta oficial da Presidência no X, a chefe de Estado peruana, Dina Boluarte, disse que o país" condena veementemente a tentativa de ruptura constitucional no Estado Plurinacional da Bolívia, e que "apoia o povo e o governo constitucional do presidente Luis Arce, e rejeita qualquer ato que ameace a ordem democrática e institucional daquele país".

"Da mesma forma, [o Peru] manifesta o seu apoio aos esforços institucionais para preservar a ordem e o Estado de direito no país irmão da Bolívia", conclui a publicação.

Em comunicado, a Chancelaria do Equador disse "lamentar os ocorridos na Bolívia", e que o país "faz votos pela vigência da democracia, do Estado de direito, e pelo respeito à ordem constitucional estabelecida".

"Confiamos em uma saída pacífica a esta grave situação. Reiteramos nossa solidariedade ao povo boliviano", conclui o breve comunicado.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou no X que seu governo expressa "a mais veemente condenação à tentativa de golpe de Estado na Bolívia".

"Nosso total apoio ao presidente Luis Alberto Arce Catacora, autêntica autoridade democrática dessa cidade e país irmão", escreveu o líder mexicano. A presidente eleita do país, Claudia Sheinbaum, também se pronunciou, dizendo que o levante "é um ataque à democracia", e prestando "apoio incondicional ao presidente Luís Arce e ao seu povo".

O presidente de Cuba, Miguel Diáz-Canel, disse no X que a "indignação contra a democracia e o povo boliviano mostrada nas imagens da mídia internacional esta tarde na Bolívia é ultrajante", e afirmou repudiar "a tentativa de golpe de Estado em curso", prestando "toda a solidariedade do governo e do povo cubano ao irmão Luis Arce".

As críticas vieram também veio da União Europeia (UE), Josep Borrell, chefe da diplomacia do bloco, disse no X que a UE "condena qualquer tentativa de perturbar a ordem constitucional na Bolívia, e de derrubar governos democraticamente eleitos, e manifesta a sua solidariedade para com o governo e o povo bolivianos".

Acompanhe tudo sobre:Bolívia

Mais de Mundo

Marine Le Pen avalia que o “método” de Bayrou parece “mais positivo” que o de Barnier

Bashar al-Assad nega ter fugido de forma 'premeditada' da Síria

Assad enviou US$ 250 milhões por avião a Moscou, diz Financial Times

Trem de alta velocidade passa a conectar Paris e Berlim pela primeira vez