Maduro: relatório da ONU aponta que governo venezuelano realizou mais de 6,8 mil execuções extrajudiciais no país (Marco Bello/Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2019 às 06h12.
Última atualização em 12 de julho de 2019 às 06h37.
A pressão internacional sobre a Venezuela vem se intensificando. A Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou para esta sexta-feira, 12, uma conferência de imprensa em que o presidente da organização, Luis Almagro, irá discutir os crimes internacionais cometidos pelo governo de Nicolás Maduro.
Ao lado de Almagro estarão Tamara Suju, advogada e ativista venezuelana, Iván Simonovis, ex-chefe policial do país e Elliott Abrams, diplomata dos Estados Unidos. Na conferência, marcada na sede da OEA em Washington, a organização quer discutir as execuções extra-judiciais, os crimes de tortura e o deslocamento forçado de pessoas que acontecem na Venezuela atualmente.
Na divulgação do evento, o secretário-geral da organização aproveitou para expressar seu apoio a um pedido da Comissão Interamericana de Direitos Humanos para visitar a Venezuela para avaliar a situação dos direitos humanos no país. “A visita da Comissão abriria portas para a verdade e para fazer justiça às barbaridades e violações aos direitos humanos cometidas pela ditadura no país”, afirmou Almagro.
Na semana passada, a alta comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos, Michelle Bachelet, apresentou seu relatório sobre a Venezuela perante o Conselho dos Direitos Humanos e afirmou que o governo de Nicolás Maduro comete “graves violações de direitos”. Entre outros incidentes graves, ela apontou as mais de 6,8 mil execuções extrajudiciais entre janeiro de 2018 e maio de 2019.
Depois da publicação do informe, o governo de Maduro apresentou 70 observações sobre porque considerava que Bachelet omitia o efeito das sanções econômicas norte-americanas na vida da população venezuelana. O presidente da Assembleia Nacional Constituinte e vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, convocou uma marcha para o próximo sábado, 13, para mostrar oposição às conclusões da Alta Comissária da ONU sobre a situação venezuelana.
As tensões políticas na Venezuela se acirraram em janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino, contestando a legitimidade do governo de Maduro. Mais de 50 países apoiaram e reconheceram a autoridade do presidente autoproclamado, que, em maio, alegou ter apoio militar para retirar o governo. Apesar de uma onda de manifestações e protestos do governo e da oposição terem tomado as ruas do país, a insurgência de Guaidó falhou.
Esta semana, em Barbados, pela primeira vez desde o evento, representantes da oposição e do governo se reuniram para tentar terminar com a crise política do país. O encontro, promovido pelo governo da Noruega, terminou sem resolução, segundo informou o ministro venezuelano de Comunicação, Jorge Rodríguez, que comandou a delegação de Maduro. Em um tuíte, ele descreveu os encontros como “um intercâmbio bem-sucedido”.
Guaidó e o governo norueguês ainda não se pronunciaram sobre o andamento ou os resultados das conversas. Um membro da delegação da oposição somente informou à agência Reuters que, na próxima segunda-feira, 15, as conversas podem ser retomadas. Nesse meio tempo, a comunidade internacional continua a monitorar a trágica situação do país.