Mundo

Ocidente quer resolução contra repressão síria; Moscou é contra

País vetou declaração da ONU que pedia ações contra o governo de Bashar al-Assad

Moscou quer uma resolução que ressalte a necessidade de diálogo político na Síria (Bulent Kilic/AFP)

Moscou quer uma resolução que ressalte a necessidade de diálogo político na Síria (Bulent Kilic/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de outubro de 2011 às 13h54.

Damasco - A Rússia considerou nesta terça-feira "inaceitável" a última versão do projeto de resolução dos países ocidentais no Conselho de Segurança das Nações Unidas que condena a repressão na Síria, apesar da retirada de uma referência direta a sanções.

Neste projeto de resolução, Grã-Bretanha, França, Alemanha e Portugal preferiram fazer referência a "medidas precisas" em vez de "sanções" para conseguir integrar outros países do Conselho de Segurança.

O projeto, alvo nos últimos dias de intensas negociações, "infelizmente está longe de nos satisfazer e não foram levadas em conta nossas inquietações", declarou o vice-ministro russo de Relações Exteriores, Guennadi Gatilov, à agência Interfax. "É por isso que o texto que os ocidentais se dispõem a submeter ao voto é inaceitável para nós".

Gatilov destacou que Moscou desejava uma resolução que ressaltasse a necessidade de diálogo político na Síria e na qual a pressão fosse exercida tanto sobre a oposição quanto sobre o regime do presidente Bashar al-Assad.

Nas últimas semanas, a Rússia, país aliado da Síria e membro permanente do Conselho de Segurança, bloqueou qualquer projeto de sanções contra o regime sírio.

Entretanto, a repressão, que desde meados de março deixou mais de 2.700 mortos, segundo a ONU, provocou novas vítimas na Síria.

Três civis morreram em Homs (centro), de acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), acrescentando que seis corpos, entre eles os de duas crianças, foram encontrados nas ruas da cidade. No noroeste da Síria, três soldados e um civil morreram em confrontos.

De acordo com o OSDH, o militante comunista Mustafá Ahmad Ali, de 52 anos, foi assassinado na noite de segunda-feira em Homs.

Nove estudantes que participaram de manifestações nesta terça-feira foram detidos no liceu As Saura na cidade litorânea de Banias. Os jovens pediam a queda do regime.


No exterior, a Anistia Internacional denunciou uma campanha contra os opositores sírios na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, que são "sistematicamente vigiados e hostilizados" por suas embaixadas.

A Anistia citou os casos de mais de 30 militantes no Canadá, Chile, França, Alemanha, Espanha, Suécia, Grã-Bretanha e Estados Unidos "que foram alvo de intimidações por parte de oficiais nas embaixadas" nestes países "e cujos parentes e amigos na Síria foram hostilizados, detidos ou, inclusive, torturados".

Paris alertou o regime sírio contra qualquer ato violento ou de intimidação na França contra opositores sírios, alguns dos quais foram vítimas de agressões nas últimas semanas.

Já o secretário americano de Defesa, Leon Panetta, afirmou na segunda-feira que a queda do regime é "apenas questão de tempo".

Os Estados Unidos e outros governos "foram claros que Assad deve deixar o poder", declarou Panetta.

Enquanto isso, Washington manteve a proibição à venda de equipamentos de telecomunicações à Síria.

Já o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan, que em outra época manteve vínculos de amizade com o presidente Bashar al-Assad, anunciou nesta terça-feira que seu país adotará rapidamente sanções contra o regime sírio, informou a agência de notícias Anatólia.

Em Damasco, o governo anulou uma lei adotada na semana passada que suspendia as importações de produtos de luxo e os automóveis, anunciando, no entanto, "a redução do financiamento pelo Banco Central dos produtos importados pelo setor privado".

Acompanhe tudo sobre:Conselho de Segurança da ONUDiplomaciaONUSíria

Mais de Mundo

Agências vinculadas ao Departamento de Saúde dos EUA iniciam demissões em massa

Chefe da diplomacia da UE denuncia evidências 'esmagadoras' de crimes de guerra na Ucrânia

Musk: doações milionárias influenciam na eleição da Suprema Corte de Wisconsin

Incêndio em concessionária da Tesla destrói pelo menos 17 carros na Itália