Estátua do euro segura notas de euro: a recessão na eurozona vai continuar até 2013, que terminará com queda de 0,1% (©AFP / Martti Kainulainen)
Da Redação
Publicado em 27 de novembro de 2012 às 08h40.
Paris - A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) revisou nesta terça-feira para baixo suas expectativas de crescimento para a zona do euro para os próximos dois anos e advertiu também que é preciso evitar cortes excessivos por causa de seu impacto recessivo.
Em seu relatório semestral de Perspectivas, a OCDE calculou que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cairá este ano 0,4%, contra 0,1% que esperava em maio, e que cairá 0,1% em 2013.
A OCDE retificou igualmente para baixo as previsões sobre a evolução nos Estados Unidos, que este ano crescerá 2,2% (tinham calculado 2,4% em maio), 2% em 2013 (contra 2,6%) e 2,8% em 2014.
A recessão na eurozona vai continuar até 2013, que terminará com queda de 0,1%, quando no primeiro semestre deste ano era prevista uma recuperação de 0,9%. Para o avanço do PIB deve-se esperar 2014, com 1,3%.
Esses novos números, que coincidem muito com os apresentados pela Comissão Europeia há cerca de 20 dias, refletem a correção para baixo das estimativas para os grandes países da zona do euro: Alemanha, França, Itália e Espanha.
Nos dois primeiros, o PIB aumentará a um ritmo inferior a 1% tanto neste exercício como no próximo: 0,9% e 0,6% para a Alemanha respectivamente 0,2% e 0,3% para a França.
Entre os seis países dos 34 membros da OCDE que estarão em recessão em 2013, cinco pertencerão à moeda única: Grécia (4,5%), Eslovênia (2,1%), Portugal (1,8%), Espanha (1,4%) e Itália (1%). O sexto, Hungria, também é europeu (0,1%).
Seu economista-chefe, Pier Carlo Padoan, além de constatar o novo 'enfraquecimento' da economia global após cinco anos de crise, advertiu que não se pode descartar que volte a acontecer uma grande contração motivada pelos EUA ou pela zona do euro.
O desafio nos EUA - lembrou Padoan - é impedir o chamado 'abismo fiscal', ou seja o corte automático e mecânico do gasto público se não houvesse um acordo político daqui até o fim do ano.
Sobre a zona do euro, o economista-chefe afirmou que 'o progresso foi destacável nos dois últimos anos' na construção de dispositivos de salvamento para os bancos com dificuldades e para os problemas das dívidas soberanas.
No entanto, ele preveniu de possíveis falhas se o programa de resgate de um país não for aplicado a tempo com o suficiente impacto, insistindo que o atraso no começo da união bancária também teria consequências negativas na sustentabilidade da eurozona.
Padoan avisou, por outro lado, que é preciso evitar que os cortes necessários para equilibrar as contas nos países com déficit sejam excessivos no curto prazo, e isso se refere à negociação das próximas semanas nos EUA e na Europa.
A receita para a zona do euro, onde um elemento-chave é restabelecer a credibilidade, seria fixar os objetivos para diminuir o endividamento a longo prazo e comunicá-los de forma coordenada.