Ángel Gurría alertou ainda sobre o cuidado para que os US$ 40 bilhões prometidos às revolução árabes pelo G8 não seja retirado dos Objetivos do Milênio (Patrick Kovarik/AFP)
Da Redação
Publicado em 30 de maio de 2011 às 09h19.
Paris - O secretário-geral da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ángel Gurría, demonstrou nesta segunda-feira sua preocupação com os descumprimentos pelos países ricos dos termos de ajuda fixados para 2010, que correm o risco de tornar inviável a meta para 2015 dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
"Corremos o risco de não alcançar" as metas estabelecidas para 2015 nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio e "isso seria grave", declarou Gurría à imprensa no primeiro dia da conferência anual do Banco Mundial sobre o desenvolvimento, que nesta ocasião ocorre na sede da OCDE em Paris.
Para justificar seus temores, lembrou que no ano passado não haviam alcançado o número ao qual tinham se comprometido os países do Grupo dos Oito (G8, que reúne os sete mais ricos e a Rússia) na cúpula de Gleneagles (Escócia) em 2005 sob a Presidência britânica.
Esse descumprimento é preocupante porque exigiria incrementos nos próximos anos elevados da ajuda pública ao desenvolvimento, o que parece difícil no contexto atual de saída da crise com uma situação delicada das finanças públicas.
Perguntado pelos US$ 40 bilhões prometidos na cúpula do G8 de Deauville (França) na semana passada às revoluções árabes, comentou que o maior desafio desse impulso é gerar "oportunidades para os milhões de jovens que não têm esperança" nos países atingidos.
Alertou ainda sobre o cuidado para que o dinheiro dado a essa região não seja retirado dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que são essenciais para os países mais pobres e a redução à metade da pobreza extrema no mundo.
Gurría falou da crise econômica e dos efeitos que pode ter sobre os grupos sociais mais vulneráveis, em particular os jovens - pelo elevado nível de desemprego - e os desempregados de longa duração, que podem ficar excluídos e desligados do mercado de trabalho.
"Por causa da crise, corremos o risco de ter uma geração frustrada", comentou antes de pronunciar-se em favor das políticas que atuem contra essa tendência, "inclusive com um orçamento restrito" pela urgência de reduzir o déficit público e o peso da dívida.
Na sua opinião, as políticas de emprego não necessariamente têm de significar mais gasto público, já que também podem adotar medidas como melhorar o funcionamento dos serviços de recolocação, adequar a oferta à demanda de mão de obra e favorecer a mobilidade dos trabalhadores, que a seu parecer na Europa é insuficiente.