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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Florianópolis - O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou nesta sexta-feira (23) que a hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, Pará, terá suas obras iniciadas no máximo em setembro deste ano. Com o leilão vencido pela Chesf, subsidiária da Eletrobrás que lidera o consórcio de construtoras, o governo, segundo Zimmermann, tentará antecipar a assinatura do contrato de outorga. "Trata-se da usina mais planejada do mundo. Foram cinco anos de estudos ambientais e não podemos mais esperar", afirmou.
O ministro criticou a ação de organizações não-governamentais (ONGs) que tentam protelar o processo de construção da obra, considerando que tais atitudes não passam de "manipulações". "Não sou técnico, mas me reporto aos números. Foram mais de R$ 70 milhões gastos em estudos ambientais e se for necessário, faremos algumas adequações. Esta inquietude é natural, mas Belo Monte precisa sair", afirmou o ministro, lembrando que o processo que tratou da construção da usina hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, foi ainda mais penoso e sofreu com mais atrasos devido a questões ambientais discutidas na Justiça.
Zimmermann não descartou a possibilidade da Eletrobrás assumir integralmente a execução da obra, uma vez que detém 49% do consórcio. Considerando a possibilidade remota por conta das ações que questionam os valores envolvidos na negociação, ele assegurou que a estatal possui expertise suficiente e que se preciso for, tem capacidade de comprar a parte das demais empresas participantes do grupo vencedor do leilão da Belo Monte.
O ministro falou com a imprensa nesta sexta em Florianópolis, onde participou de uma homenagem feita pela Eletrosul, subsidiária da Eletrobrás, responsável pela geração e transmissão de energia na região Sul e onde iniciou carreira.
Também presente à homenagem, o presidente de Furnas, Carlos Nadalutti, não economizou críticas às organizações contrárias à construção de Belo Monte. "Não consigo entender os ataques destas organizações. Estamos tratando de um empreendimento de fonte limpa e renovável. Não estamos dependendo do euro, dólar, iene ou qualquer investimento estrangeiro. O hidro é o nosso recurso. Acho que estão querendo voltar aos tempos das cavernas", desabafou, acrescentando que o Brasil poderá ver abortado seu nível de crescimento em até cinco anos caso empreendimentos do porte da Belo Monte não saiam do papel.