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Obama volta a Berlim com o "Sim, nós rastreamos"

Presidente americano enfrenta uma recepção mais fria do que a recebida em 2008, quando ainda era candidato do "Sim, nós podemos"

Então candidato a presidência dos Estados Unidos, Barack Obama discursa para cerca de 200 mil pessoas em Berlim em 2008 (Carsten Koall/Getty Images)

Então candidato a presidência dos Estados Unidos, Barack Obama discursa para cerca de 200 mil pessoas em Berlim em 2008 (Carsten Koall/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2013 às 13h43.

Berlim - Recebido como uma estrela de rock quando passou por Berlim há cinco anos em sua rota rumo à Casa Branca, Barack Obama agora enfrenta uma recepção mais fria e questões difíceis sobre métodos de espionagem dos Estados Unidos quando voltar na próxima semana para reuniões com Angela Merkel e um discurso em frente ao Portão de Brandemburgo.

A visita acontece quase 50 anos depois do dia em que o presidente John F. Kennedy pousou em uma Berlim dividida pela Guerra Fria e, em uma poderosa mensagem de solidariedade norte-americana, disse aos ocidentais na cidade: "Ich bin ein Berliner" (Eu sou um berlinense).

Kennedy é o líder norte-americano com quem Obama foi mais comparado em sua disputa pela Presidência, quando partidários gritavam "Sim, nós podemos" nos comícios da campanha. Jovem, carismático e inspirador, ele representava esperança, renovação e a ruptura de George W. Bush tão ansiada pelos europeus.

"A Alemanha encontra o superstar" era a manchete na capa da revista semanal Der Spiegel antes da visita dele durante a campanha presidencial norte-americana em 2008. O discurso de Obama no parque Tiergarten de Berlim atraiu 200.000 fãs, que aplaudiram loucamente enquanto ele reconhecia os erros políticos cometidos no governo Bush e declarava: "A América não tem melhor parceiro do que a Europa".

A capa desta semana da Der Spiegel sobre a visita de Obama tinha por manchete "O Amigo Perdido".

Obama continua popular entre os alemães: uma pesquisa na semana passada mostrou que 82 por cento deles acreditam que ele tem feito um bom trabalho.

Mas a mágica acabou, substituída por questões sobre o fracasso de Obama em fechar a prisão militar da Baía de Guantánamo, seu uso de aviões não tripulados para matar militantes da Al Qaeda e, acima de tudo, o rastreamento da Internet e das comunicações, ao estilo "Grande Irmão", que os europeus achavam que tivesse acabado com a era Bush.


Muitos alemães ainda se lembram da vigilância universal sob a polícia secreta comunista, a Stasi, e quando a notícia do programa de espionagem secreto de Washington, o PRISM, apareceu na semana passada, a manchete favorita do jornal foi, "Sim, nós rastreamos".

"Ele ainda é popular, mas não como antes", disse Henning Riecke, que lidera o programa de relações transatlânticas no Conselho Alemão de Relações Externas em Berlim.

"Há desapontamento na Alemanha por ele não ter sido capaz de fechar Guantánamo e há preocupação com suas táticas na luta contra o terrorismo. As pessoas entenderam que ele não é um santo e não é todo-poderoso".

A chanceler Merkel devia a Obama uma aparição no Portão de Brandemburgo - que ficava perto do Muro de Berlim, entre os lados Leste, comunista, e Oeste, capitalista, da cidade - desde que ela recusou um pedido do então senador de primeiro mandato por Illinois de discursar ali em 2008.

Desta vez ele deve falar para cerca de 4.000 convidados no lado leste do Portão, na praça Pariser Platz, fechada. Autoridades norte-americanas estavam aparentemente relutantes em deixá-lo falar no lado oeste, perto do parque, porque temiam comparações desfavoráveis com o público de 2008.

A esperança no campo de Merkel é que a visita possa lhe dar um empurrão na disputa eleitoral em setembro, quando ela estará lutando por um terceiro mandato.

Também dará aos dois líderes uma oportunidade de trombetear uma iniciativa de livre comércio entre Estados Unidos e União Europeia, que os dois lados esperam que aumente o crescimento econômico, crie empregos e dê um novo significado a uma relação que perdeu sua base emocional desde o fim da Guerra Fria.

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