Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerou nesta segunda-feira durante sua reunião com a presidente chilena, Michelle Bachelet, na Casa Branca, que o Chile é um modelo de democracia na América Latina, uma região onde ainda há pontos de conflito.
"O Chile é um modelo de democracia na América Latina. Foi capaz de fazer transições constantes de governos de centro-esquerda a governos de centro-direita, mas sempre de forma consistente com as tradições democráticas", disse o americano no começo da reunião com Bachelet no Salão Oval.
"Obviamente, essas tradições custaram trabalho e a presidente Bachelet sabe melhor do que ninguém o quão difícil foi conseguir a democracia. O fato de agora o Chile respeitar e lutar pelo processo democrático em todo o espectro político o transforma em um grande modelo para todo o continente", acrescentou ele.
Obama tinha previsto conversar hoje com Bachelet sobre a situação política na América Latina, onde, segundo ele, houve um grande progresso em termos de democratização em parte devido à liderança do Chile.
"Obviamente, ficam pontos de conflito que temos que tentar enfrentar, assim como temas de segurança em áreas como a América Central e o Caribe", afirmou ele.
O governante, que já recebeu Bachelet na Casa Branca durante o primeiro mandato dela, em 2009, elogiou seu trabalho em favor das mulheres nos últimos anos na ONU, e a definiu como sua "segunda Michelle favorita", em referência a sua esposa, a primeira-dama Michelle Obama.
O Chile é um membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU até dezembro de 2015. Obama opinou que desse assento pode servir como líder em muitos assuntos, desde as missões de paz à resolução de conflitos, passando pela mudança climática, e continuar sendo assim é "uma força positiva no mundo".
Obama garantiu que a relação entre EUA e Chile vai "além de qualquer partido político", e se mostrou certo de que seu sucessor na presidência, que chegará à Casa Branca em 2017, terá "a mesma relação excelente".
Por sua vez, Bachelet expressou vontade em aprofundar a "forte e madura relação" que seu país mantém com os americanos, com o qual espera avançar em "áreas como energia, educação, ciência e tecnologia e as relações entre os dois povos".
"Este ano, lembramos dez anos do tratado de livre-comércio entre EUA e Chile; e os americanos são nossos maiores investidores estrangeiros. Queremos continuar nesse caminho. Queremos que nossas relações em todos os âmbitos sejam maiores e mais fortes a cada dia", ressaltou Bachelet.
Nenhum dos dois mencionou as negociações para o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), ao que o Chile pertence junto a outros três países e ao que os Estados Unidos quer se incorporar dentro de um grupo de mais oito nações.
Enquanto Obama quer pressa nas negociações para tentar aprovar um pacto antes das eleições legislativas de novembro em seu país, o governo de Bachelet olhou até agora com certa distância o acordo, pondo em dúvida os benefícios para seu país.
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1. Chi-Chi-Chile
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1/9 (Naxsquire/WikimediaCommons)
São Paulo - O
Chile tem uma economia aberta, com juros baixos, muito investimento e crescimento vigoroso - o exato oposto da nossa. Parece um bom modelo, mas é difícil comparar dos países de tamanhos e perfis tão diferentes - especialmente levando em conta a dependência que o Chile tem de um só produto. Veja 7 coisas que o Chile tem e o Brasil não tem - na economia, geografia, história e arte:
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2. Investimento e crescimento
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2/9 (Morten Andersen/Bloomberg)
Enquanto a taxa de investimento como participação do PIB no Brasil não consegue sair da faixa de 18%, a do Chile gira em torno de 25% já faz algum tempo. Uma das consequências é que nosso vizinho cresceu a uma média de 5,1% anuais nos últimos 3 anos, enquanto o Brasil ficou em 2%.
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3. A maior produção de cobre do mundo
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3/9 (Wikimedia Commons)
Em se tratando de cobre, nenhum país chega perto das 5 milhões de toneladas que o Chile produz por ano (e das 190 milhões em reservas que o país ainda tem para explorar). No entanto, a importância do produto acaba tornando o país vulnerável às flutuações de preço e aos humores da demanda chinesa.
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4. Economia (bem) aberta
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4/9 (Rawderson Rangel/Wikimedia Commons)
Até pelo seu foco em um produto, o Chile celebrou o maior número de acordos de livre-comércio do planeta: 22, com 60 países, incluindo China e EUA. Somadas, importações e exportações são mais de 68% do PIB chileno, o que torna a economia do país uma das mais abertas do mundo. No Brasil, essa taxa é de 26%.
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5. Juros de 4%
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5/9 (Banco Central de Chile)
Há duas semanas, o Banco Central do Chile decidiu manter a taxa de juros do país em 4%. A última reunião do Comitê de Política Monetária do nosso
Banco Central também resolveu
não mexer na Selic - que está em 11%. Ao contrário do nosso, o BC no Chile é
formalmente independente, mas as razões para o contraste tem mais a ver com diferenças estruturais e na taxa de
inflação acumulada: 4,3% por lá e
6,3% por aqui.
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6. Um ditador preso
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6/9 (AFP)
Augusto Pinochet chegou ao poder por um golpe militar e governou o Chile entre 1974 e 1990, período em que foi responsável pelo desaparecimento de 3 mil pessoas e a tortura de outras milhares, segundo a Anistia Internacional. Em 1998, ele estava em Londres quando foi preso por ordem de um juiz espanhol, que pediu sua extradição com base na legislação internacional de crimes contra a humanidade. O caso se arrastou e Pinochet acabou liberado por razões médicas para voltar ao Chile, onde morreu em 2006.
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7. A Cordilheira dos Andes
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7/9 (Jorge Morales Piderit/Wikimedia Commons)
Repleta de
vulcões (outra coisa que o Brasil não tem), a Cordilheira dos Andes é a
maior formação do tipo no mundo e atravessa
7 países do norte ao sul do continente. Ela é responsável por algumas populares
estâncias de esqui no Chile, como Valle Nevado, mas seu ponto de maior altura, o Aconcágua, fica na vizinha
Argentina.
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8. Um poeta vencedor do Nobel
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8/9 (Wikimedia Commons)
Pablo Neruda é um dos poetas em língua espanhola mais
populares e reconhecidos da história, com uma obra que vai do erotismo e do amor romântico até narrativas épicas e de ativismo político. Ele venceu o
prêmio Nobel de Literatura em 1971 e morreu de câncer na próstata no dia 23 de setembro de 1973 - duas semanas depois da morte do seu amigo Salvador Allende e do golpe.
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9/9 (Buda Mendes/Getty Images)