Havana - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem oportunidade de mudar a política americana para Cuba, afirmaram analistas dos dois países que estudaram as tentativas infrutíferas de aproximação entre Havana e Washington em mais de cinco décadas.
Os americanos William Leogrande e Peter Kornbluh revelaram ao apresentar seu livro "Back Channel to Cuba" que, após 20 anos de pesquisa, descobriram que vários presidentes americanos tiveram encontros segredos com Cuba desde 1959 até os dias atuais.
"Estamos em uma época onde isso pode ser uma possibilidade e a esperança é que essa história possa ser usada para avançar nas relações entre os dois países", disse Kornbluh, pesquisador da organização independente Arquivo de Segurança Nacional, sobre a administração de Obama e chance de mudança da política para Cuba.
Segundo o livro - que chega ao mercado americano na segunda-feira - a ideia de mudar as relações com Cuba começou com o presidente John F. Kennedy (1961-1963) diante de um movimentado auditório de intelectuais, historiadores e jornalistas, reunidos na sala "Villena" da União de Escritores e Artistas de Cuba (UNEAC).
Desde então, nos governos de Gerald Ford e Lyndon Jhonson várias mensagens foram trocadas entre os dois países através de intermediários.
Um processo de aproximação ocorreu durante a presidência de James Carter entre 1977 e 1978. Uma série de reuniões secretas entre diplomatas dos dois países foi organizada para tentar normalizar as relações, mas não evoluíram porque os EUA condicionavam os avanços à retirada de tropas cubanas da Etiópia e de Angola.
Leogrande ressaltou que ambas as partes reconheceram nos últimos anos que a situação política atual "não é boa para nenhuma das duas nações" e avaliou que a VII Cúpula das Américas, que será realizada no Panamá em abril de 2015, pode ser uma grande oportunidade para os dois países conversarem e obterem conquistas.
Além dos pesquisadores americanos, os autores cubanos Elier Ramírez e Esteban Morales apresentaram sua versão do conflito por meio da edição ampliada do livro "A política dos Estados Unidos para Cuba".
"Obama conta hoje com vantagens que nenhum presidente teve para mudar sua política sobre Cuba", disse Morales.
"Seria um ganho. Essa mudança, e o presidente Obama deve saber, não tem a menor conotação para a segurança nacional americana. O que pode ser um problema é o presidente demorar e o retorno de (Alan) Gross aos EUA já não fazer sentido", acrescentou.
Morales fez referência ao caso do americano condenado a 15 anos de prisão em Cuba por "ações contra a integridade territorial do Estado", acusação negada pelos EUA.
A prisão de Gross em Cuba e de cinco agentes cubanos nos EUA - três ainda detidos - se transformaram no maior ponto de atrito nos últimos anos entre os dois países, que não têm relações diplomáticas desde 1961.
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1. O fim dos Estados Unidos como o conhecemos?
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1/10 (Getty Images)
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2. Cidadania americana
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2/10 (Ali al-Saadi/AFP)
Em 2013, 2999 cidadãos americanos renunciaram a sua cidadania, o maior número da história e um aumento de 753% em relação a 1998
Entre 2012 e 2013, o salto foi gigantesco: de 932 para 2999. Fonte:
Treasury Department/PolicyMic
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3. Mais idas que vindas
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3/10 (Getty Images)
Em 2012, 8 países receberam mais americanos que mandaram seus cidadãos para os EUA, entre eles Brasil, China, Austrália e Chile.
Em 2011, esse “déficit” só tinha ocorrido com 4 países. Fonte:
UniGroup Relocation/Business Insider
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4. Sem religião
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4/10 (REUTERS/Lucas Jackson)
Em 1990, 7,7% diziam não ter nenhuma afiliação religiosa. Em 2012, essa porcentagem chegou a 19,7%. Entre jovens de 18 a 24 anos, 1 entre 3 se diz sem religião. Entre os que se dizem liberais, essa porcentagem chega a 40%. Em 1972, apenas
1 entre 20 não tinha religião. Em 2013,
1 entre 5. Fonte:
General Social Survey
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5. O melhor país do mundo
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5/10 (AFP)
50% dos americanos de 65 anos ou mais acreditam que nenhum país é melhor que os EUA.
Entre os jovens de 18 a 29 anos, essa porcentagem cai para 27%. 12% deles acreditam que há outras nações melhores. Fonte:
Pew Research Center (2011)
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6. Orgulho da América
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6/10 (Stock.xchng)
2 entre 3 idosos nos EUA dizem ter “extremos orgulho da América”. Apenas 2 entre 5 jovens dizem o mesmo. Americanos acima de 50 anos são mais propensos que os europeus (superando-os em 15 pontos percentuais) a falar que “a cultura americana” é superior. Entre os jovens americanos, é ao contrário: são menos propensos que os europeus em afirmar isso. Fonte:
Public Religion Research Institute
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7. Determinismo americano
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7/10 (Jewel Samad/AFP)
Os americanos sempre alimentaram a noção de que, não importando o meio, você poderia vencer e ser rico. Os jovens não pensam assim: eles são mais propensos que os adultos (14 pontos mais) a dizer que, nos EUA, a riqueza se deve mais ao “berço e aos contatos certos” que “ao trabalho, ambição e educação”. Fonte:
Pew Research
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8. Capitalismo x Socialismo
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8/10 (Joe Raedle/Getty Images)
Os adultos dizem preferir o capitalismo ao socialismo com uma vantagem de 27 pontos percentuais. Já os jovens por pouco não preferiram o socialismo em sua maioria. Em 2003, os americanos concordavam mais com a afirmação “o livre-mercado é o melhor sistema” que italianos, alemães ou britânicos. Em 2010,
a situação se inverteu. Fonte: Pew Research e GlobeScan
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9. Senhores das armas
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9/10 (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Os adultos americanos acreditam muito mais que os adultos britânicos que o seu país não precisa de aprovação da ONU para ir à guerra (29 pontos percentuais acima). Entre os jovens essa diferença é de apenas 8 pontos percentuais. Jovens americanos
concordam mais com a afirmação "os EUA devem levar os interesses de seus aliados em conta, mesmo que isso comprometa o interesse americano" que os americanos mais velhos (23 pontos percentuais acima). Eles também são muito mais favoráveis à ONU que os mais velhos (24 pontos percentuais acima).
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10. Entenda mais sobre as mudanças nos EUA
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10/10 (Alex Wong/Getty Images)